O filme Corra — dirigido pelo produtor Jordan Peele — retrata a história de Chris, homem negro, que ao ir conhecer a família de sua namorada branca, se depara com os pais da parceira praticando experimentos com afrodescendentes, ao afirmarem que os africanos são superiores no físico e inferiores no intelectual. Analogamente a realidade brasileira, é possível se deparar com dito pensamento escravocrata acerca dos membros negros da sociedade, estereótipo esse que atua em prol da desvalorização da herança africana, que tem como impasses para mitigar tal mazela, o silenciamento midiático e a falha estatal.

Em primeira análise, o silêncio da mídia sob a problemática, impulsiona o mito de que a história afro-brasileira está reclusa a escravidão. A esse respeito, a filósofa brasileira Djamila Ribeiro, pontua que para atuar em um assunto, é necessário, antes de tudo, tirá-lo da invisibilidade. Assim, uma vez que não feita a exploração seguida da divulgação da história e cultura negra, a falta de conscientização perdurará no Brasil. Destarte, é essencial o emprego da mídia em dar visibilidade ao óbice.

Ademais, a omissa governamental tangencia a falta de valorização da herança africana no Brasil. Deste modo, deve-se relembrar a obra "O Cidadão de Papel" — do escritor brasileiro Gilberto Dimenstein — que retrata a falta de cumprimento de leis presentes nos documentos nacionais pelo Estado. Contudo, pode-se notar que uma vez que leis de combate ao racismo não são cumpridas pelo Órgão Nacional, deixa-se um entrave para a conscientização de membros da sociedade hodierna sobre o descaso com o legado dos indivíduos negros. Logo, é necessário haver maior atuação do Poder Público sobre o revés.

Portanto, cabe ao Estado — como autoridade governamental — trabalhar na criação do projeto "Vim de lá", onde jovens afrodescendentes palestrarão em escolas sobre movimentos culturais de seus antepassados, além disso, por meio de rodas de conversação entre os alunos, sobre os aprendizados passados de geração para geração, a fim de fomentar o conhecimento do legado africano no território nacional. Com isso, o Brasil se tornará um país que garante a ampla defesa de seus cidadãos.