📝 Tema: Os desafios da empatia na sociedade contemporânea

No conto “O Sonho de um Homem Ridículo”, de Dostoiévski, apresenta-se a história de um narrador que sonha com uma sociedade perfeita, na qual há a ausência de mazelas sociais. Fora da ficção, a nação brasileira destoa do enredo supracitado, uma vez que a falta de empatia entre os indivíduos constitui um obstáculo ao desenvolvimento social. Dessa maneira, é necessário superar esse impasse, o qual tem como causas a banalização do sofrimento alheio e a influência negativa das redes sociais.

De início, a sociedade tem papel determinante na permanência do impasse em meio à nação. Nesse contexto, a escritora Marina Colasanti, em sua crônica “Eu sei, mas não devia”, elucida como as pessoas banalizam as dores do outro e se tornam insensíveis diante das injustiças cotidianas. De maneira análoga à realidade nacional, essa ideia pode ser exemplificada ao se observar a normalização de discursos de ódio e de preconceito nas redes e nas ruas, o que resulta em um enfraquecimento do senso coletivo de solidariedade. Desse modo, a indiferença social consolida-se como um obstáculo para a construção de um país mais empático.

Ademais, é perceptível a influência da mídia no tocante à ausência de empatia. Segundo a Escola de Frankfurt, o conceito de “Indústria Cultural” explica como os meios de comunicação moldam as percepções sociais e reforçam comportamentos alienados. Nessa perspectiva, tal conceito é constatado na contemporaneidade brasileira, ao se analisar a superexposição de tragédias e de conflitos nas redes sociais, o que acarreta a dessensibilização emocional do público. Diante disso, os meios de comunicação têm papel determinante na persistência do impasse empático no Brasil.

Destarte, torna-se indiscutível a tomada de medidas para solucionar a questão da falta de empatia no país. Para isso, cabe ao Ministério da Educação, por meio da inserção de projetos socioemocionais nas escolas, promover a reflexão sobre empatia e respeito mútuo, pois a educação é essencial para a formação de cidadãos conscientes e solidários. Paralelamente, as plataformas digitais devem estimular campanhas de valorização da empatia e combate a discursos de ódio, por meio de algoritmos de moderação e divulgação de conteúdos positivos. Tudo isso com o fito de formar uma sociedade mais humanizada e coesa. Por fim, com tais medidas, o Brasil se aproximará da sociedade idealizada por Dostoiévski, marcada pela ausência de indiferença e pela presença de humanidade.q