No período clássico da Grécia Antiga, a concepção de uma vida virtuosa, caracterizada por cidadãos que valorizavam o tempo para reflexão e relações interpessoais, foi um fundamento essencial para o progresso da sociedade. Entretanto, na modernidade, ao presenciar a desumanização do tempo, entende-se que essa visão não é validada, sobretudo em um contexto capitalista que reduz o tempo a um recurso econômico. Nessa perspectiva, em função da lógica produtivista, a alienação das relações humanas tornou-se uma realidade preocupante.
Nessa perspectiva, é necessário destacar a lógica capitalista como um fator que contribui para a manutenção da problemática, em função da redução do tempo a um ativo econômico. De acordo com o estadista alemão Johann Goethe, a maior necessidade de um Estado é a de governantes corajosos e ativos. No entanto, ao observar a desumanização do tempo, nota-se como essa máxima não é concretizada, visto que políticas públicas não incentivam práticas que priorizem a qualidade de vida e o uso equilibrado do tempo. Assim, torna-se imprescindível reverter esse quadro comportamental e estrutural.
À vista disso, a alienação das relações humanas lamentavelmente tornou-se uma realidade, ao passo que o foco exacerbado na produtividade desvaloriza as experiências afetivas e pessoais. De acordo com o sociólogo Pierre Bourdieu, o indivíduo incorpora estruturas sociais difundidas ao longo dos anos. Partindo desse pressuposto, é válido analisar o ambiente no qual o sujeito está inserido, já que tal fator tende a influenciar sua percepção do tempo. É por isso que, em uma sociedade pautada pela velocidade e pelo desempenho, muitos cidadãos priorizam a eficiência em detrimento de suas relações e bem-estar.
Portanto, é fundamental combater a desumanização do tempo na sociedade contemporânea. Para tanto, é dever do poder público e da sociedade civil promover campanhas de conscientização sobre a importância do equilíbrio entre trabalho e vida pessoal. Essa medida deve ser efetivada por meio de incentivos a práticas como a redução da jornada de trabalho e a implementação de programas de lazer e bem-estar, a fim de resgatar o valor subjetivo do tempo. Dessa forma, será possível construir uma realidade em que o tempo seja percebido como o verdadeiro tecido da vida, conforme propõe Antonio Candido.