Em sua obra “Pequeno Manual Antirracista”, a filósofa Djamila Ribeiro afirma que o racismo não é apenas um ato isolado, mas um sistema que estrutura a sociedade e mantém privilégios. Essa reflexão evidencia como o racismo, embora negado por muitos, ainda é uma realidade enraizada no Brasil. Apesar dos avanços legais e das discussões sobre igualdade racial, a discriminação contra pessoas negras permanece presente, sustentada tanto por fatores históricos quanto pela falta de políticas públicas eficazes.

Em primeiro lugar, é necessário reconhecer que o racismo no Brasil é fruto de um passado escravocrata mal resolvido. Por mais de trezentos anos, milhões de africanos foram explorados e desumanizados, e, após a abolição, o Estado não ofereceu suporte social nem econômico aos libertos. Essa omissão gerou desigualdades que perduram até hoje, como a exclusão da população negra dos espaços de poder e as dificuldades de acesso à educação e ao mercado de trabalho. Assim, o racismo estrutural se perpetua ao limitar oportunidades e reforçar estigmas sociais.

Além disso, a cultura brasileira ainda reproduz práticas e discursos racistas de forma velada. Piadas, estereótipos e a falta de representatividade na mídia reforçam a ideia de inferioridade da pessoa negra. No ambiente escolar, por exemplo, a ausência de um ensino que valorize a cultura afro-brasileira contribui para a formação de uma identidade nacional excludente. Como destaca o pensador Abdias Nascimento, combater o racismo é também valorizar a história e a contribuição do povo negro para a construção do país.

Portanto, a persistência do racismo na sociedade brasileira é consequência de uma herança histórica marcada pela escravidão e pela omissão do Estado, aliada à manutenção de uma cultura discriminatória. É indispensável que o governo amplie políticas de inclusão social, como cotas raciais e programas educacionais, além de promover campanhas de conscientização que incentivem o respeito e a diversidade. Somente com ações concretas e uma mudança de mentalidade será possível construir um Brasil verdadeiramente igualitário, no qual a cor da pele não determine o destino de ninguém.