No estatuto da criança e do adolescente, é assegurado o direito ao pleno bem-estar e a educação de qualidade a todos os jovens brasileiros. Apesar desse fato, no Brasil contemporâneo este não se concretiza devido a ausência da literacia familiar -extremamente recorrente, entretanto, pouco debatida-, tal problema impede avanços e melhorias na qualidade de vida juvenil. Sob esse viés, fica clara a necessidade de analisar a situação penosa em seus diferentes aspectos, dos quais se destacam a má formação sócio-cultural e a omissão governamental.
Dessa maneira, em primeiro lugar, vale apontar a influência da história no quadro lacunar. Para isso, é pertinente trazer o discurso do filósofo Lévi-Strauss, de acordo com ele, é impossível conhecer uma sociedade sem considerar sua herança histórica refletida na cultura. Paralelamente, na realidade brasileira, o debate acerca da literacia familiar é desvalorizado e ignorado por um legado histórico que promove a subestimação da função da literatura e da educação na vida da população, essa característica cultural afeta principalmente classes baixas da sociedade -desde cedo desestimulada e impedida de consumir a literatura como lazer-, tendo como consequência o desconhecimento geral da população sobre os impactos positivos de valorizar e incentivar a prática. Portanto, é urgente a mudança da mentalidade popular sobre.
Nesse sentido, revela-se a ineficiência estatal em acabar com o problema. Assim, vale citar a ideia de Friedrich Hegel sobre o Estado, segundo ele, o Governo é o pilar inicial de uma nação, que tem os meios referidos à atenuação das mazelas sociais. Nesse sentido, é perceptível a negligência governamental vinda do Poder Público brasileiro em relação à desvalorização da importância da literacia familiar, haja vista que não existem projetos com esse intuito -como criação de mais bibliotecas públicas, leis que promovam menores cargas horárias aos responsáveis, para que possam dedicar mais tempo à educação de seus filhos. Consequentemente, pela falta de acesso aos recursos necessários, a situação penosa se perpetua. Dessa forma, é imprescindível uma ação vinda do Estado.
Em síntese, é mister uma intervenção pertinente para mitigar a problemática. Para isso, o Governo Federal deve promover ações direcionadas ao imbróglio em questão, por meio da ministração de palestras para responsáveis sobre a importância da literacia familiar no Brasil -ministradas por profissionais qualificados-, e também da construção de espaços que possibilitem o acesso e a cultura e a literatura, de maneira prazerosa e interativa aos jovens, a fim de mudar a situação de ausência familiar recorrente no cenário nacional. Paralelamente, é necessária também a formulação de leis trabalhistas que permitam que as famílias passem mais tempo juntas. Apenas assim, será possível a concretização dos direitos garantidos pelo ECA.