Em sua obra "Ensaio sobre a cegueira", o escritor português José Saramago retrata a invisibilização de certos problemas na sociedade. De maneira semelhante, a crítica de Saramago é verificada na questão das cotas em universidades brasileiras, que negligencia grande parte dos cidadãos negros nas faculdades. Nesse contexto, percebe-se a configuração de um complexo problema que se enraíza na ineficiência governamental e no silenciamento.


Sob esse viés, pode-se apontar como fator determinante a omissão governamental. Para o filósofo Thomas Hobbes, o Estado é responsável por garantir o bem-estar dos cidadãos. Entretanto, tal responsabilidade não está sendo honrada quanto às cotas nas universidades, visto que, majoritariamente, o governo não tem realizado as investigações necessárias para a melhoria da lei de cotas em universidades públicas. Desse modo, para que tal bem-estar seja usufruído, o Estado precisa sair da inércia em que se encontra.


Ademais, ressalta-se que a falta de discussão influencia fortemente o problema. Nesse sentido, a autora Djamila Ribeiro explica que é preciso tirar uma situação da invisibilidade para que soluções sejam promovidas. Porém, há um silenciamento instaurado na questão das cotas nas universidades, uma vez que, infelizmente, a falta de debate na sociedade não ganha visibilidade entre a massa da população brasileira, sendo tratada como supérflua pela maioria. Assim, urge tirar essa situação da invisibilidade para atuar sobre ela, como defende a pensadora.


Portanto, faz-se necessária uma intervenção pontual. Para isso, o Instagram deve criar uma campanha que trate da importância das cotas nas universidades brasileiras, por meio de tutoriais com orientações precisas, a fim de reverter o silenciamento que impera. Tal ação pode, ainda, ser divulgada com uma "hashtag" para atingir mais pessoas. Paralelamente, é preciso intervir sobre a inércia estatal presente no problema. Dessa forma, será possível superar a cegueira social de que Saramago falou.