Manoel de Barros, grande pós-modernista, desenvolveu, em suas obras, a "teologia do traste", cuja principal característica é dar valor às situações frequentemente ignoradas ou esquecidas. Seguindo a lógica barrosiana, necessita-se analisar a problemática da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil. Nesse sentido é válido compreender o papel do Estado e da educação na perpetuação desse triste imbróglio hodierno. Por isso, ações são necessárias para resolver esse impasse. Nessa perspectiva, entende-se a omissão estatal e a escassez de debates como causas relacionadas a esse óbice.

A princípio, cabe abordar a inoperância estatal enquanto um desafio no combater à problemática. Sob essa ótica, de acordo com o pensamento do filósofo Thomas Hobbes, o Estado é responsável pelo bem-estar da população. No entanto, essa teoria não se aplica à realidade, uma vez que o governo brasileiro não está promovendo igualdade de gênero, ja que as mulheres muito trabalham e pouco ganham e o homem no mesmo cargo ganha a mais. Consequentemente, muitas mulheres, por estarem expostas a situação de discrepância salarial, desenvolve desequilíbrio no meio social.

Ademais, é incontrovertível que um dos principais problemas é a ausência de debates. Nesse viés, de acordo com o filósofo Michel Foucault, temas são silenciados para que estruturas de poder sejam mantidas. Partindo desse pressuposto, a crítica de Michel se relaciona com a realidade de toda coletividade feminina, uma vez que a invisibilidade do trabalho de cuidado pela mulher, por ser frequente, é ocultado pelo corpo social, consequentemente o impasse não é levado a sério, sendo que os indivíduos deveria dialogar mais sobre a extinção do entrave, para que a comunidade seja mais justa.

Infere-se portanto, a necessidade de combater os problemas enfrentados pela a invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher. Para isso, cabe ao Estado como responsável pela a harmonia do território brasileiro, criar campanhas para conscientizar os indivíduos, por meio de investimentos públicos, com a finalidade de promover um país mais harmônico e igualitário. Assim a lógica barrosiana se tornará realidade no âmbito social.