O conceito de “cegueira social”, de José Saramago, critica o comportamento egoísta da sociedade. No Brasil atual, essa crítica é vista na desvalorização da população em situação de rua pelo Estado e pela comunidade. Nesse viés, essa problemática manifesta-se devido à omissão estatal e à apatia social.

Nesse ínterim, compreende-se que a omissão estatal é determinante para a permanência dessa problemática. O filósofo inglês John Locke, em seu Contrato Social, destaca que é dever do Estado assegurar os direitos e o bem-estar coletivo. Contudo, a população em situação de rua não tem a devida atenção do Estado, evidenciada pela falta de eficácia em garantir dignidade a esse segmento populacional. Dessa forma, configura-se uma quebra do contrato de Locke. Assim, é fulcral que as autoridades competentes se mobilizem para mitigar esse problema.

Ademais, cabe ressaltar a apatia da sociedade como outro fator que dificulta a resolução do caso em destaque. A sociedade exposta no livro Cegueira Moral, do sociólogo Zygmunt Bauman, é composta por indivíduos que se comportam de forma apática e alheia ao sofrimento do outro. Nessa conjuntura, a comunidade ao redor trata esses indivíduos com descaso, como se fossem invisíveis, o que contribui para a sua marginalização. Essa falta de empatia dificulta ações coletivas eficazes, perpetuando o ciclo da exclusão social e a vulnerabilidade desse grupo.

Portanto, medidas são necessárias para que essa problemática não se perpetue. Para isso, cabe ao Governo Federal, por meio do Ministério do Desenvolvimento Social, elaborar projetos por meio da criação de programas nacionais de assistência. Nesses programas, deve-se incluir a construção de centros de acolhimento com serviços de saúde, alimentação, higiene e capacitação profissional, financiados por verbas federais. Todo esse projeto tem o objetivo de garantir dignidade a esse grupo em vulnerabilidade social. Com isso, espera-se reduzir os índices de exclusão e combater a invisibilidade a que essas pessoas são submetidas.