Na obra "Quarto de Despejo", livro da década de 60, Carolina de Jesus relata sua vida sendo residente de uma periferia de São Paulo, cujo cotidiano era marcado pelo descaso e injustiça social. Ainda hoje, milhões de brasileiros sofrem com o cenário socioeconômico, tendo que sustentar a família, muitas vezes, com um salário mínimo ou menos. Então, para amenizar essa situação, é importante agir sobre a principal causa: a desigualdade.

Em primeiro lugar, destaca-se a disparidade entre os indivíduos como um agente impulsionador. Nesse sentido, em suas crônicas de "Mas em que Mundo tu vive?", José Falero traz sua história e dá luz à realidade dos bairros mais desfavorecidos de Porto Alegre. Em um país onde as oportunidades de ascensão são quase inexistentes por conta do preconceito enraizado na sociedade com quem se veste "mal", além de questões como o racismo, autor narra as dificuldades de se viver com pouco desde que nasceu. O cotidiano de Falero é, infelizmente, igual ao de muitos brasileiros ao redor do país, cercado pelo abandono governamental, pela fome e pela sede de justiça. Dessa maneira, espera-se uma providência.

Como consequência, tem-se escassas oportunidades de melhoria de vida. Sob essa ótica, o filme nacional "Que horas ela volta?" expõe a jornada de Val, uma trabalhadora doméstica, a qual não teve chances de estudos e que precisa morar longe da filha para garantir o sustento e a educação formal da menina. A protagonista leva uma rotina exaustiva de esforço físico, recebendo um salário baixo e morando nos fundos da propriedade de luxo dos patrões, em um cômodo bem divergente da casa principal. Devido à distância e à alta carga de trabalho, ela não pôde participar ativamente da criação da filha e também ficou impossibilitada de terminar a escola, dilemas presentes no dia a dia de diversos cidadãos. Dessa maneira, é nítida a necessidade de uma mudança na estrutura social.

Portanto, o Estado — responsável pelo bem-estar da nação — deve proporcionar oportunidades de estudo e de emprego para os brasileiros. Tal ação pode ocorrer por meio da destinação de verbas para as escolas públicas e para o aumento do salário mínimo, cujo valor é insuficiente para qualquer indivíduo, além da fiscalização nas empresas, garantindo o pagamento sem atraso ou desconto para todos os trabalhadores. Assim, será possível qualificar mão de obra e promover a melhora da situação socioeconômica do país.