"Os planos bem elaborados levam á fartura. Mas o apressado sempre acaba na miséria". A citação de Provérbios 21:5, escrita pelo rei Salomão, ensina que a pressa em obter dinheiro rápido, sem planejamentos e análises financeiras, pode levar á pobreza. Para além do campo literário, o vício contemporâneo em apostas e jogos de azar cresce continuamente, trazendo dificuldades financeiras para o usuário. Nesse viés, é válido analisar dois problemas em questão: O ciclo vicioso dos cassinos e as consequências econômicas.

Primeiramente, é preciso entender a origem dos jogos de azar. Na era colonial, loterias e apostas eram práticas comuns entre a população. Foi em 1920, que a Lei de número 3.987 foi criada e assim, autorizou esses jogos em clubes e cassinos. A partir desse momento, o Brasil recebeu espaços maiores que impulsionaram cada vez mais os gastos com esse tipo de entretenimento. Atualmente, os cassinos se tornaram digitais. Sabe-se que quase 25% dos brasileiros são usuários de casas de aposta online. Segundo o Instituto Locomotiva de Pesquisa, 52 milhões de cidadãos já foram apostadores em casas esportivas, e 25 milhões se tornaram novos jogadores. Esse fator mostra um quadro crescente não só de pessoas influenciadas a gastar, como de um aumento da renda depositada nas bancas de tavolagem.

Por outro lado, é válido ressaltar o porque esse aumento percentual gera escassez financeira. De acordo com o psiquiatra da USP, Universidade de São Paulo, Hermano Tavares, o funcionamento das máquinas de aposta se torna algo viciante, já que o pensamento de depositar um valor e receber o triplo dele, por exemplo, libera a dopamina no cérebro. A dopamina, conhecida como hormônio do prazer, está associada a recompensa rápida e a sensação de satisfação. Por isso, ao apertar o botão de um bet, o usuário não se contenta e quer sempre mais. Esse impulso, entretanto, tem causado conflitos entre famílias, principalmente por conta de fatores econômicos. O vício gera uma dependência que consequentemente, faz com que a pessoa perca todo seu dinheiro em cada aposta. Um estudo realizado entre os anos de 2018 a 2023, nos Estados Unidos, entrevistou famílias e seus comportamentos perante as finanças. A renda gasta pelos habitantes mais pobres com jogos digitais, era 32% superior a das famílias mais ricas, além do alto depósito em cartão de crédito. Assim, depreende-se que o aumento das "bets" tanto em proporção mundial, quanto nacional, é um desafio que deve ser solucionado o mais breve possível.

Portanto, é fundamental que as empresas de casas de apostas sejam responsáveis nas suas divulgações e funcionamento. Dessa forma, tais empresas devem exigir o CPF do apostador para análise da sua renda e histórico de apostas, por meio de novos mecanismos nas plataformas digitais, para que esses usuários reduzam suas faturas com cassinos. Da mesma forma, as universidades devem se unir ao ministério da saúde, para criar propagandas sobre a importância da avaliação mental. Além de treinar profissionais de hospitais públicos, por meio de cursos e reuniões, para acolher da melhor forma os dependentes. Assim, o número de indivíduos que possuem vícios em jogos de azar irá diminuir.