Na obra "A Vida que Ninguém Vê", Eliane Brum destaca, entre outros aspectos, a condição da exclusão e negligência social sofrida por parcela da sociedade brasileira. Fora do caráter literário, nota-se que o cenário retratado pela autora é análogo à realidade dos ex presidiários, que são excluídos e enfrentam desafios para sua reinserção na sociedade. Dessa forma, faz-se necessário discutir acerca da principal causa, bem como o maior impacto dessa problemática. Com base nesse cenário, é válido destacar a falta de políticas públicas inclusivas como principal obstáculo para a integração de ex-detentos no Brasil. Essa ausência normativa revela a ineficácia do Estado diante de uma questão social emergente. Segundo o jurista Celso de Mello, a omissão do poder legislativo em criar leis que garantam os direitos fundamentais se configura com uma forma de inconstitucionalidade, uma vez que impede a concretização dos ideais constitucionais. Assim, ao não investir em políticas de acolhimento, moradia e inserção no mercado de trabalho, o Estado promove a vulnerabilidade desses indivíduos que são realocados no meio social sem nenhum planejamento, perpetuando desigualdades sociais e ferindo o ideal de dignidade humana garantido na Constituição Federal. Além disso, cabe ressaltar que a não inserção de ex-presidiários na sociedade promove a manutenção de uma sociedade historicamente excludente. Isso ocorre, pois, desde a formação do país, existe uma cultura de exclusão, que subjuga indivíduos de acordo com a posição econômica ou social. Tal questão, inclusive, foi estudada pela antropóloga Lilia Schwarcz. Permitindo assim, analisar que ex-presidiários, mesmo sem mais dívidas com a justiça, são vistos como inferiores e são constantemente marginalizados pela população, que perpetua visões generalistas, invisibilizando esses indivíduos, o que impede a concretização de sua cidadania plena. Portanto, é necessário a reintregação de ex - presidiários na sociedade brasileira. Para isso, o Poder Executivo na - esfera federal- deve destinar verbas para políticas de inclusão por meio de uma votação realizada por deputados e senadores- responsáveis pela aprovação de leis-. Com a finalidade de promover melhor qualidade de vida desses indivíduos. Paralelo a isso, o Ministério da educação, órgão responsável pela criação de políticas educacionais, promover campanhas que reeduque a população acerca de visões preconceituosas a respeito de ex-detentos, tal ação deverá acontecer por meio de propagandas midiáticas em canais de grande acesso, afim, de desconstruir estigmas e promover uma vida digna a população ex-presidiaria no Brasil.