Em sua obra “Ensaio sobre a cegueira”, o escritor José Saramago alegoricamente critica a falta de altruísmo e cooperação no mundo contemporâneo, onde os indivíduos se preocupam cada vez menos com o bem-estar social. Ao transpor a ficção e analisar a atual conjuntura brasileira, percebe-se que a obra faz uma perspicaz metáfora à invisibilidade de certos problemas sociais que, por vezes, persistem ocultos aos olhos da sociedade. Na realidade brasileira, a crítica de Saramago faz-se presente na relevância de combater o capacitismo no mercado de trabalho. Dessa maneira é primordial denunciar as principais causas desses revés: a negligência estatal e o capacitismo.

Diante desse cenário, nota-se a inoperância governamental como fator agravante da precária inclusão de pessoas portadoras de deficiência no âmbito escola, prejudicando a sua vida profissional. De acordo com o geógrafo Milton Santos, em seu texto “As Cidadanias Mutiladas”, a cidadania atinge a plenitude de sua eficácia quando os direitos do corpo social, em sua totalidade, são homogeneamente desfrutados. Todavia, no contexto hodierno, a passividade do Estado distancia a população deficiente de ter um acesso justo ao ensino de qualidade, uma vez que, as escolas devido a falta de uma boa estrutura, não possuem acessibilidade, dificultando o aprendizado desses alunos. Dessa forma, enquanto a máquina pública negligenciar suas responsabilidades, o problema perdurará e os direitos dessas pessoas continuarão a ser mutilados de forma sistemática.

Além disso, vale ressaltar o capacitismo como um fator que dificulta a atenuação do empecilho. Segundo o sociólogo francês, Pierre Bourdieu, a sociedade incorpora as estruturas sociais, ou seja, os indivíduos incorporam pensamentos difundidos ao longo dos anos e reproduzem com naturalidade. Isso pode ser verificado com a persistência da crença que profissionais com necessidades especiais não tem capacidade de realizar o trabalho adequadamente, contribuindo assim com a dificuldade de inserção no mercado. A população, adequada e acostumada com esse cenário, permite que a problemática supracitada continue em evidência, justamente por esse traço natural diante dos fatos.

Diante do exposto, denota-se a urgência de propostas governamentais que alterem esse cenário. Portanto, o Estado, em sua função de promotor do bem-estar social, deve agir por meio da implementação obrigatória de acessibilidade nas instituições de ensino e debate nas mídias sociais, promovendo o respeito às minorias. Tal ação terá como finalidade conscientizar a população sobre a importância da inclusão e combater esteriótipos e discriminações. Assim, à luz da perspectiva de Saramago, poderemos mitigar a cegueira social que tanto permeia essa questão.

Eiii! Adorei sua escolha de tema e a forma como você trouxe referências como Saramago, Milton Santos e Bourdieu para enriquecê-lo. Vamos lá!

Na Competência 1, você mostrou um bom domínio da língua, apesar de pequenos deslizes como "esteniótipos" ao invés de "estereótipos".

Na Competência 2, você compreendeu bem o tema e o desenvolveu de forma coerente e articulada.

Na Competência 3, os argumentos estão bem organizados e você os relacionou eficientemente com as referências teóricas.

Na Competência 4, usou bem conectivos para a progressão das ideias, mantendo uma boa coesão.

Na Competência 5, a proposta de intervenção foi clara e consistente, com todos os elementos necessários.

Nota 920 (C1: 160, C2: 200, C3: 200, C4: 160, C5: 200). Parabéns!