A insegurança alimentar acontece quando há dificuldade ou impossibilidade de acesso a alimentos bons sob o ponto de vista nutricional de maneira plena. No Brasil, houve um agravamento dessa situação durante a pandemia do Covid-19, recolocando o país no mapa da fome. Então, para amenizar esse problema, é imprescindível tratar sua principal causa: a desigualdade social.

Em primeiro lugar, destaca-se a desigualdade socioeconômica como um agente impulsionador da questão. Nesse sentido, no livro "Quarto de Despejo", Carolina de Jesus mostra sua árdua rotina de catadora em uma comunidade de São Paulo. Autoentitulando-se como "favelada", a brasileira expõe o cenário de vulnerabilidade vivido por ela e pelos filhos, com moradias pouco seguras, dificuldade em arranjar empregos e em conseguir alimentos, além do racismo e da exclusão a que são submetidos. Assim como na obra, milhões de cidadãos passam por situações como essa, na qual a insegurança alimentar marca a sua presença, impossibilitando o bem-estar de uma considerável parcela populacional. Dessa forma, evidencia-se a necessidade de intervenção.

Como consequência, há, sobretudo, o comprometimento da saúde dos indivíduos. Sob essa perspectiva, o filósofo grego Hipócrates defende que a saúde é resultado de um equilíbrio entre o corpo e a mente. O corpo, por sua vez, diz respeito ao acesso a uma alimentação balanceada — o que não acontece com quem é afetado pela fome, fenômeno decorrente da falta de regularidade no consumo de alimentos essenciais, como carnes e frutas. Essa ausência pode acarretar deficiências de vitaminas, como a anemia, as quais a curto e longo prazo trazem doenças que não recebem tratamentos, tendo em vista que, geralmente quem não tem acesso à comida, também não acessa serviços médicos de qualidade. Dessa maneira, urge uma mudança no contexto socioeconômico do Brasil.

Portanto, o Estado — responsável por zelar pela população — deve promover programas governamentais de combate à fome. Tal ação pode ocorrer através de assistências regulares com cestas básicas e produtos agrícolas às pessoas de baixa renda, além do investimento em qualificação da mão de obra e do aumento do salário mínimo, objetivando o acesso uniforme aos alimentos e a melhora da qualidade de vida dos brasileiros.