No trecho "Não gosta de pretos, nem de brancos e nem de indianos, gosto de homens sem raça, como você Kindzu" do livro Terra Sonâmbula de Mia Couto, é retratado um preconceito baseado na raça e cultura africana. Assim, de maneira analóga ao denunciado na obra é inegável os desafios para o valorização da herança africana no Brasil, visto que o tema ainda se encontra fortemente presente na sociedade. Dessa forma, é preciso discutir a respeito da intolerância religiosa com crenças de origem africana, e também sobre as maneiras como o cotidiano brasileiro é influênciado pela cultura africana.
Portanto, as constantes queimas de centros de umbanda e candomblé são exemplos de um extremo preconceito racial, religioso e cultural. A Constituição Federal assegura igualdade entre raças e crenças, porém, isto não é posto em prático, tendo em vista que diversos grupos religiosos de influência africana são discriminados, desmerecidos e taxados como inválidos, sem nenhum apoio jurídico. Está falta de apoio tanto por parte da sociedade, como com parte governamental, faz com que está intolerância religiosa continue enjagando os desafios para a valorização da herança africana.
Outrossim, outro fator pertinente são as formas como o cotidiano brasileiro foi influenciado pelos africanos, uma vez que diversas práticas do dia-a-dia vieram da África. A cultura brasileira está diretamente ligada a práticas e costumes africanos, como por exemplo no preparo de feijoada e nas tranças feitas pela raiz do cabelo. Dessa maneira, fica clara a ignorância por parte de certos grupos sociais para com a cultura africana, que mesmo tendo sido traga a força durante a colonização portuguesa para o uso de mão de obra, ainda se fez extremamente importante para a história do Brasil.
Por fim, faz de necessário que o Governo Federal, juntamente com o Sistema Judiciário Brasileiro implemente, por meio de leis federais, uma maior e mais rígida fiscalização em cima de atitudes intolerantes. Também se faz necessário que ajam punições mais adequadas e um maior apoio das vítimas de intolerância, buscando com que a população brasileira entenda e valorize a importância da herança africana para o país.