Na obra "Utopia", do escritor inglês Thomas More é retratada uma sociedade perfeita, na qual o corpo social padroniza-se pela ausência de conflitos e problemas. Entretanto, o que se observa na realidade contemporânea é o oposto do que o autor prega, uma vez que os desafios para a valorização da herança africana no Brasil apresenta barreiras, o que dificulta a concretização dos planos de More. Esse cenário antagônico resulta tanto da falta de informação, como também da apatia social.

Acerca dessa lógica, é fulcral pontuar que a lacuna informacional deriva da baixa atuação dos setores governamentais no que concerne à criação de mecanismos que diminuam tais recorrências. Segundo as ideias do escritor Huxley "os fatos não deixam de existir só porque são ignorados". No entanto, o Estado peca ao não criar políticas públicas para garantir, por exemplo, a visibilidade do legado africano nas escolas brasileiras, para manter o público jovem informado e passar esses costumes de geração para geração. Desse modo, faz-se necessária a reformulação dessa postura estatal de forma urgente.

Ademais, é imperativo ressaltar o desinteresse coletivo como impulsionador da desvalorização. De acordo com a escritora francesa Simone de Beavoir "o mais escandaloso dos escândalos é aquele ao qual nos habituamos". Partindo desse pressupondo, a população falha quando não demonstra interesse e não age para que os conhecimentos afro-brasileiros não se apaguem dia após dia. Logo, tudo isso retarda a resolução do obstáculo, já que o desinteresse populacional contribui para a perpetuação desse quadro deletério.

Portanto, para que a desinformação e o desinteresse social seja, de fato, amenizado, cabe ao governo federal — instância responsável pelo desenvolvimento dos brasileiros —, mediante parceria com a mídia televisiva, desenvolver planos de governo eficazes. Isso se dará por meio da criação de outdoor, matérias midiáticas e leis que garantam a plena valorização e o aproveitamento das técnicas africanas no Brasil. Outrossim, também é válido a criação de palestras escolares e a distribuição de panfletos informativos. Com isso, os planos de More passarão de meras formalidades a robustas realidades para todos em solo nacional.