O quadro expressionista “O grito”, do pintor norueguês Edvard Munch, retrata a inquietude, o medo e desesperança refletidos no semblante de um personagem envolto por uma atmosfera de profunda desolação. Para além da obra, observa-se que, na conjuntura brasileira contemporânea, o sentimento de milhares de indivíduos assolados pelo analfabetismo digital e que sofrem devido à exclusão é, amiúde, semelhante ao ilustrado pelo artista. Dessa forma, cabe a análise em torno dessa realidade, a partir da premência entre os sistemas: educacional e estatal.
Diante desse cenário, é imperioso notar que a indiligência do Estado potencializa a exclusão social ocasionada pelo analfabetismo digital. Esse contexto de inoperância das esferas de poder exemplifica a teoria das instituições zumbis, do sociólogo Zygmunt Bauman, que as descreve como presentes na sociedade, todavia, sem cumprirem sua função social com eficácia. Sob essa ótica, devido à baixa atuação das autoridades, o problema do analfabetismo digital fragiliza a dignidade humana dos indivíduos carentes de conhecimentos digitais, o que é pertinente à exclusão social vivenciada por esta parcela da população, haja vista a insuficiência de verbas públicas destinadas ao progresso tecnológico dos cidadãos. Nessa perspectiva, para a completa refutação da teoria do estudioso polonês e mudança dessa realidade, faz-se imprescindível uma intervenção estatal.
Ademais, a educação é uma lacuna sustentada pelas instituições de ensino que revigora o impasse do analfabetismo digital. Como ilustração, o escritor Goethe crítica a falta de informação da seguinte forma: "nada no mundo é mais assustador que a ignorância em ação”, associando a ausência de conhecimentos como algo terrivelmente maléfico. Dado o exposto, a situação do analfabetismo digital pode ser comparada com a perspectiva do escritor pela assustadora falta de ensino escolar sobre as habilidades digitais, omitido pelas escolas. Consequentemente, devido à falta de ensino digital os indivíduos são excluídos das conjuras sociais, como o mercado de trabalho. Logo, é necessária a mudança no sistema educacional para mitigar esse óbice.
Portanto, diante dos argumentos supracitados, são necessárias medidas para amenizar essa problemática. Para isso, o Ministério da Educação- órgão responsável por garantir o ensino no Brasil- deve promover, nas escolas, por meio da reformulação da grade escolar, a criação de uma matéria pautada no desenvolvimento de habilidades digitais nos discentes. Essa alternativa será feita a partir de verbas da União, provenientes do fundo rotativo orçamentário, com a destinação de atenuar o analfabetismo digital e as suas consequências de exclusão. Feitos esses pontos, com a criticidade de Goethe e a teoria das instituições zumbis proposta por Bauman , o analfabetismo digital será intermediado no Brasil.

Uma redação primorosa