O livro "O Cidadão de Papel", de Gilberto Dimenstein, trata da violação de diversos direitos do cidadão garantidos constitucionalmente. Analogamente, a crítica do autor pode ser verificada nos desafios para a valorização da herança africana no Brasil, uma vez que muitos ascendentes dessa herança são expostos diariamente à visão estereotipada e colonizada da história, com seus direitos vilipendiados. Nesse sentido, cabe analisar o silenciamento e a insuficiência de legislativa enquanto pilares da problemática.
Diante desse cenário, é notório que a falta de debate é um fator determinante para a persistência do problema. Segundo Djamila Ribeiro, deve-se tirar uma situação da invisibilidade para que soluções sejam propostas. Porém, há um silêncio instaurado na questão dos desafios para a valorização da herança africana no Brasil, visto que pouco se fala sobre o assunto nas escolas e nas mídias de massa, o que causa a invisibilização do analfabetismo histórico-cultural, agravando os índices de rejeição cultural afro-brasileira e de vítimas do apagamento cultural com consequências sérias como disforia social e perda de identidade histórica. Assim, é urgente tirar o tema do silêncio.
Ademais, é evidente que a falta de legislativa influi fortemente na consolidação da problemática. De acordo com Maquiavel, "Mesmo as leis bem ordenadas são impotentes diante dos costumes". De fato, tal impotência é nítida nos desafios para a valorização da herança africana no Brasil, que apesar de ser direito popular saber o que o antecede, persiste omisso em função da lacuna de fiscalização e de penas legais, permitindo que o problema social perdure e que os filhos da pátria apagada permaneçam expostos à uma realidade eurocentrista. Desse modo, a base legal deva ser fortalecida para que o impasse seja resolvido.
Portanto, faz-se necessária uma intervenção pontual. Para isso, é preciso que o Governo Federal, por meio de uma campanha nacional, promova a divulgação de vídeos informativos acerca dos desafios para a valorização da herança africana no Brasil e dos meios de combatê-los, com a finalidade de reverter o silenciamento presente no tema e diminuir o número de pessoas expostas à uma situação de assalto cultural. Tal ação deve ser transmitida em televisão aberta e nas redes sociais do governo. Em mesmo sentido, o Governo Federal deve também intervir sobre a insuficiência de legislativa, zelando pela aplicabilidade da lei.