Não é de surpreender que a adoção de adolescentes no Brasil e no Mundo continua baixa, tendo em vista que até mesmo o ato de adotar crianças e bebês se tornou raro e extremamente difícil, num processo exageradamente burocrático, pouco organizado e acompanhado de diversas preferências dos adotantes, são poucos os privilegiados e raros os jovens no meio destes.

Segundo o próprio ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), órfãos com mais de 10 anos têm poucas chances de adoção e geralmente acabam atingindo a maioridade antes que tal aconteça. Isso se deve, principalmente, devido às exigências dos interessados em adotar, que costumam preferir crianças mais novas, em sua maioria bebês e recém-nascidos, brancos e com características parecidas com as deles, diminuindo drasticamente os "candidatos ao prêmio".

Além disso, os estigmas da sociedade influenciam muito na hora da adoção, por existir uma crença de grande parte do povo brasileiro de que a criação de adolescentes é mais difícil e desafiadora do que de crianças, o que é parcialmente verdade. Porém, deve-se considerar que a criação de qualquer indivíduo proporciona desafios e privilégios, de diferentes e variadas maneiras não importando a idade. O que importa é, na realidade, a dedicação e compromisso das partes envolvidas.

Outro fator relevante, é a dificuldade no processo de adoção, segundo à Lei deveria demorar no máximo 120 dias, mas os dados mostram que esse prazo tem sido excedido pelo dobro do tempo. Isso, somado aos outros problemas e pré-conceitos contribui ainda mais para essas estatísticas.

Sendo assim, é necessária uma organização mais firme e revisão da burocracia na adoção, junto a uma conscientização da sociedade para abolir os estigmas e preconceitos com relação à adoção de jovens e também sobre os vários problemas presentes ao exigir a "criança perfeita". Desse modo, o ato de adotar se tornará o que deveria ser, uma atitude solidária e aberta a experiências, desafios e a todos os privilégios oferecidos tanto por crianças, quanto adolescentes.