A Constituição Brasileira Federal de 1988 - norma de maior hierarquia no sistema jurídico no Brasil - assegura a todos os cidadãos a liberdade de crença. No entanto, percebe-se uma lacuna na garantia desse direito quando se observa a questão religiosa no Brasil, culminando em preocupantes mazelas. Diante disso, nota-se a consolidação de um grande problema, em virtude do legado histórico e também da base educacional lacunar.

Sob essa perspectiva, é crucial apontar que o problema deriva da herança pautada em preconceito, que se dá desde o período colonial, onde a população afro-brasileira e indígena se via impedida de manifestar suas crenças, que eram vistas como "erradas pelos portugueses". Tal prática segue acontecendo nos dias de hoje, considerando que certas religiões são vistas com repulsa por certa parte da população. De acordo com Claude Levi-Strauss, só é possível interpretar as ações do presente com o entendimento das ações do passado. Assim, a intolerância religiosa no Brasil, fortemente presente no século XXI, apresenta raízes no passado.

Além disso, a intolerância religiosa encontra terra fértil na base educacional lacunar do país. Para Kant, o ser humano é o resultado da educação que teve. Nessa perspectiva, se há um problema social, há uma falha no sistema educacional. No caso da intolerância religiosa, há forte influência dessa causa, uma vez que a escola não tem cumprido seu papel de transformadora social para reverter o problema.

Sendo assim, é indispensável adotar medidas para evitar esse cenário. Faz-se necessário, então, que o Ministério da Educação desenvolva campanhas educativas, tanto no meio físico como no digital, elaborando folhetos informativos para a questão religiosa no Brasil seja compreendida, proporcionando avanços para chegar até uma sociedade mais igualitária em todas as suas formas.