Nos quadrinhos da Marvel Comics, o X-Men carregam em si uma alegoria profunda sobre a intolerância fundamentada nas diferenças. Paralelamente, isso acontece na vida real: apesar da laicidade do Estado, a intolerância religiosa é um mal recorrente que deriva da mentalidade social e da fragilidade da lei.

Em primeiro lugar, vale frisar a isonomia assegurada pela Constituição Federal de 1988. Apesar disso, a intolerância religiosa apresenta-se como uma mazela unilateral, haja vista o arcabouço cristão da sociedade brasileira, que faz perdurar esse mal devido aos preceitos religiosos, que incorre, eventualmente, na perseguição às demais religiões, pois esses dogmas são interpretados equivocadamente.

Outrossim, a ideia retratada por Gilberto Dimeinstein, em seu livro "O Cidadão de Papel", é evidenciada: a lei existe, mas não é devidamente aplicada — aponta a obra. À luz disso, a debilidade das leis que garantem a liberdade religiosa faz-se evidente, e isso é inegável.

Urge, pois, a necessidade do Ministério da Educação implementar na grade curricular escolar, matérias para a conscientização das gerações vindouras sobre o assunto, a fim de mitigar proativamente a intolerância religiosa. Ademais, cabe ao Poder Legislativo atribuir mais rigor às leis vigentes que tratam da intolerância, a fim de prevenir e punir com mais dureza os perpetradores de tal mazela social, para que a realidade dos X-Men não seja mais a nossa.