Na obra "Triste fim de Policarpo Quaresma", o autor pré-modernista Lima Barreto, através da personagem principal, ressalta um Brasil sem defeitos. A partir dessa perspectiva, é possível observar que a realidade brasileira se distancia desse ideal democrático, uma vez que existem grandes desafios para combater o crime de stalking no país. Desse modo, é essencial analisar os principais propulsores desse contexto hostil: a falta de legislação específica e a banalização da sociedade à respeito dessa temática.
Sob esse viés analítico, é importante destacar, a princípio que a ausência de regulamentação adequada é um fator preponderante para ocorrência dessa problemática. Esse cenário decorre do fato de que, assim como pontuou a advogada especialista em crimes digitais Gizele Truzzi, muitas vítimas duvidam da eficácia das instituições responsáveis pela proteção. Logo, é notório que a omissão do Estado mantém a ocorrência desse crime.
Além disso, é válido ressaltar que a desvalorização social potencializa essa conjuntura. Isso ocorre porque muitas vezes, situações de perseguição e assédio são tratados como brincadeiras, o que deslegitima a experiência da vítima e reduz a seriedade do problema. Dessa maneira, a banalização é frequentemente reforçada na mídia, onde comportamentos obsessivos são romantizados.
É evidente, portanto, que medidas precisam ser tomadas para solucionar esse problema. Para tanto, o Congresso Nacional, por meio da elaboração de leis específicas, deve criar normas que assegurem as vítimas desse crime, além de promover educação e concientização à respeito dessa temática, para mitigar essa realidade brasileira.