O livro "Utopia", do escritor inglês Thomas More, narra uma sociedade perfeita, a qual se ausenta de conflitos interpessoais. Contudo, a realidade brasileira contradiz essa visão, pois os entraves para controlar as enchentes no país persistem, causando danos irreversíveis à população. Diante disso, dois fatores fazem-se relevantes: a questão social e o silenciamento do problema.

  Nesse viés, é válido destacar o quanto esse panorama supracitado é capaz de gerar males irreparáveis àqueles se encontram em situações de risco, frequentemente vítimas de deslizamentos, doenças e mortes. Nesse contexto, é oportuno citar dados divulgados pelo portal "G1", a qual indicam mais de cem mil brasileiros enfrentam ou já enfrentaram inundações com perdas materiais e humanas. Diante do exposto, é relevante ressaltar que a intensificação das enchentes é resultante das mudanças climáticas devido às ações antrópicas em resposta ao capitalismo- urbanização desordenada, poluição atmosférica e acúmulo de lixos nas ruas- o que acarreta grandes desastres ambientais. Por fim, a falta de ação colaborativa entre população e as autoridades perpétua, ainda mais, esse cenário devastador.

  Ademais, a escritora Djamila Ribeiro argumenta que é impossível intervir em um problema silenciado. Nessa perspectiva, a ideia da intelectual vai ao encontro do pertinente aumento das enchentes no Brasil, originadas também, pela falta de saneamento, infraestrutura adequada, e lixos nos esgotos. Dessa maneira, embora esse quadro seja observado por parte da sociedade, o seu foco é colocado em segundo plano pelos governantes, o que impede a implementação de políticas públicas capazes de mitigar os efeitos dos desastres. Portanto, evidencia-se uma divergência entre a teoria e a prática no que tem que ser feito, o que mostra a inércia do poder público em elaborar e executar medidas resolutivas, agravando essa mazela social.

  Logo, é dever do Estado promover ações de cunho socioeducacional em escolas e comunidades com palestras que mostrem a importância da participação conjunta da sociedade e Estado no controle das enchentes. Além disso, é essencial investir em infraestrutura adequada, saneamento básico e drenagens eficientes para melhor escoamento das águas. Isso pode ser efetivado por meio de parceria com o governo federal que destinará maior percentual do produto interno bruto (PIB) para realização das campanhas. Com efeito, a sociedade perfeita narrada por More virá a se tornar uma realidade brasileira.