Em sua obra "O Cidadão de Papel", Gilberto Dimenstein disserta acerca da insuficiência dos direitos institucionais, especialmente aos indivíduos de classe baixa. Essa contradição legislativa, no Brasil, se expressa nas consequências da concentração de renda, visto que, além de prejudicar os mais pobres, impossibilita que tenham uma vida plena, com seus direitos cidadãos garantidos. Diante desse quadro lacunar, evidencia-se a urgência de sua análise, assim, cabe a discussão de duas manifestações da situação: o legado histórico e a negligência governamental.
Nesse viés, destacam-se as raízes históricas como principal causa do problema. Desse modo, é pertinente trazer o discurso do pensador Lévi-Strauss, "só é possível entender uma sociedade por meio de seus precedentes historiográficos", de acordo com esta afirmação, situações atuais de uma nação, são reflexos diretos de seu passado material e cultural. Paralelamente, no Brasil contemporâneo, persistem as graves consequências da concentração de renda, problema cujas raízes se tratam da acumulação primitiva de capital -na sociedade brasileira, iniciada nas capitanias hereditárias e na colônia-, se perpetua na atualidade devido a normalização do absurdo contraste da situação econômica entre classes, haja vista que existe pouco debate entre a população acerca dessa injustiça estrutural, sendo assim, consequentemente, há grande desigualdade social no Brasil. Portanto, é imprescindível uma mudança na cultura conformista estagnante.
Dessa maneira, é válido apontar a negligência estatal como fator conivente com o quadro lacunar. Nesse sentido, contribui a tese do pensador alemão Friedrich Hegel, para ele, o Estado é o pilar inicial de uma nação, tendo sob seu controle, os meios correferidos à atenuação das mazelas sociais. Concomitantemente, o poder governamental brasileiro falha em cumprir seu papel de amenizar as consequências da concentração de renda, visto o baixo investimento em políticas públicas que realmente impactam a vida das classes baixas (prejudicadas pela desigualdade), como moradias populares, restaurantes acessíveis e creches gratuitas, as consequências desse abandono para com os cidadãos é a ineficiência de seus direitos básicos, que afeta diretamente sua qualidade de vida, criando um exército de cidadãos de papel. Assim, fica clara a necessidade da reversão da inércia estatal atual.
Em suma, é mister uma intervenção para mitigar o problema. Para isso, o Governo Federal -agente responsável por organizar a nação- deve injetar capital na execução de uma agenda específica de combate de crise econômica, promovendo a abertura de espaços de apoio para a população pobre, como restaurantes públicos, creches e moradias, e que também, por meio de palestras públicas informativas sobre economia -ministradas por profissionais qualificados- terão a finalidade de promover melhores condições de vida ao povo e combater a desinformação acerca das consequências da concentração de renda, em sequência, extinguindo essa mazela social. Apenas a partir dessa atitude incisiva, a narrativa distópica pertencerá apenas aos livros de Dimenstein.

Eiii! Adorei sua escolha de tema e como você relacionou referências históricas e teóricas para analisar as consequências da concentração de renda no Brasil. Na C1, sua escrita está bem adequada à norma culta, apesar de pequenas imprecisões. Na C2, você demonstrou excelente compreensão e articulação do tema. Na C3, os argumentos estão bem estruturados e fundamentados. Na C4, a coesão e a progressão das ideias são claras. Por fim, sua proposta de intervenção (C5) é completa e respeita os direitos humanos. Nota 840 (C1: 160, C2: 160, C3: 160, C4: 160, C5: 200).