Na música “Saber Quem Sou” do filme Moana, é evidenciada a curiosidade da personagem em descobrir sua identidade.Fora da ficção, semelhante à protagonista, milhares de indivíduos de descendência africana possuem o desejo de conhecerem a história e a cultura dos seus antepassados. Entretanto, no cenário hodierno, tal vontade é dificultada pelos desafios para a valorização da herança africana no Brasil, que muitas vezes acabam por marginalizar os vestígios culturais africanos. Por certo, a negligência estatal e a omissão social são alguns dos fatores que contribuem na persistência da problemática.
Em uma primeira análise, a insuficiência da ação estatal corrobora na dificuldade de valorizar a cultura afro-brasileira. Nesse prisma, o filósofo Nicolau Maquiavel afirmava que o principal objetivo do governante é ter poder, deixando em segundo plano o bem comum. Sob esse viés, uma vez que a sociedade não manifesta interesse acerca do engajamento cultural de matiz africana como pauta eleitoral, o governo pouco intervém no resgate dessa identidade- como investimento em músicas, teatros ou livros. Isso porque, como tal cultura é associada à periferia, são priorizadas as atividades que agradem a elite para a manutenção da influência política.Desse modo, o Estado poderia ser a Goth, que só cuidava da Rapunzel devido à magia que o cabelo da princesa lhe proporcionava.
Ademais, a sociedade recebe um papel fundamental em garantir a visibilidade dessa temática. Nesse âmbito, a filósofa Hannah Arendt em ”Banalidade do Mal” sustenta que as pessoas são responsáveis por definir o que merecem ou não atenção, banalizando os problemas sociais. Sob essa perspectiva, no que tange à valorização da herança africana em território tupiniquim, é notória a falta de discussão sobre esse assunto no cotidiano, o que acaba estigmatizando tal cultura. Assim, analogamente a Jonh Hans em “Ética da Responsabilidade”, a nação é responsável por incentivar as futuras gerações o apreço pela própria identidade e ancestralidade para que ela não se desvalorize.
Portanto, o Poder Legislativo-responsável por criar e fiscalizar as leis-, deve elaborar uma norma, como “Minha Identidade Está na Pele”, com o objetivo de financiar oficinas educativas de debates populares acerca da cultura deixada pelos africanos no território brasileiro, por meio de verbas públicas destinadas à publicidade e à manutenção dessas atividades, a fim de auxiliar na exaltação das raízes culturais não só pelo campo político, mas também através do campo social.