No livro “Candomblé: A História e as Tradições” de Pierre Verger, é retratado como as tradições africanas e suas narrativas mitológicas influenciam a cultura e a identidade brasileira. Nesse contexto, a nacionalidade é enriquecida por mitologias afro-brasileiras que permeiam nosso dia a dia — incluindo o culto aos orixás, o candomblé, a umbanda e o sincretismo religioso — os quais ressaltam a rica diversidade das tradições brasileiras. No entanto, a produção literária relacionada a esses aspectos ainda é pouco divulgada na sociedade, o que acaba perpetuando estigmas e a falta de conhecimento sobre a literatura afro-brasileira como um elemento plural de nossa cultura, através das mitologias. Logo, as causas que suscitam essa problemática, manifestam-se no pouco investimento por parte do Estado na disseminação da literatura afro-brasileira e o preconceito histórico-social da coletividade a esse meio literário.

Nessa lógica, torna-se fundamental abordar como historicamente o governo financia minoritariamente a literatura afro-brasileira — exemplo disso, são os poucos livros de autores negros nas bibliotecas das escolas públicas. Segundo a Constituição, a Lei n.° 10639/2003, é obrigatório o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana nas escolas de ensino fundamental e médio. Entretanto, a realidade contradiz com a norma supracitada, visto que, não houve aplicações estatais na inclusão dessas matérias nas grades curriculares escolares, principalmente na reforma do ensino médio ocorrida em 2017, afetando a disseminação da bibliografia afro na sociedade. Assim, mesmo com a promulgação da lei em 2003, não houve melhoras na situação e nem uma aplicabilidade melhor do preceito, demonstrando ser um problema histórico de décadas do governo federal.

Ademais, a estigmatização da sociedade perante a literatura negra é um problema histórico-social, tendo suas raízes no período colonial. De acordo com à época da colonização, as dificuldades enfrentadas pelos negros eram muitas, tornando dificultoso, escritores negros exporem suas obras ao público, já que a escravidão era um empecilho, essas dificuldades foram confrontadas pela primeira romancista feminina negra no Brasil, Maria Firmina dos Reis, que sendo uma mulher negra e abolicionista teve que encarar o preconceito da sociedade escravocrata e muitos impedimentos em publicar seu romance “Úrsula”. Nesse prisma, os obstáculos presenciados pela romancista no século XIX ainda permanecem atuais, visto que o corpo social tem grande resistência em valorizar a literatura afro-brasileira devido a preconceitos enraizados herdados do período colonial. Além de que a mídia também influência nessa problemática, abordando produções afrodescendentes com esteriótipos racistas e influenciando o meio social com ideias pejorativas sobre a cultura afro-brasileira, prejudicando no reconhecimento da literatura por meio de mitologias na diversidade brasileira.

Portanto, necessita-se de medidas que mudem esse cenário. Para isso, cabe ao Ministério da Educação o dever de aumentar os investimentos para a literatura negra por meio do acréscimo de obras literárias nas escolas de ensino fundamental e médio, como também melhorar a aplicabilidade da lei n.° 10639/2003 na educação pública, a fim de sanar o desconhecimento da contribuição da literatura mediante suas mitologias na nossa cultura. Paralelamente, os meio de comunicação precisam combater as representações das obras afrodescendentes de forma deturpada na sociedade. Somente assim, a contribuição das tradições africanas e suas mitologias apresentados por Pierre Verger serão amplamente difundidas no corpo social.

Nossa, se eu fosse o corretor e pegasse uma redação citando pierre verger eu já dava 1000 na hora!!!

francis escreveu:Nossa, se eu fosse o corretor e pegasse uma redação citando pierre verger eu já dava 1000 na hora!!!

Obrigada :)