De acordo com a pensadora brasileira Djamila Ribeiro, o primeiro passo para solucionar uma questão, é tirá-la da invisibilidade. Porém, quando se observa a realidade contemporânea, nota-se que isso não tem se concretizado, uma vez que os desafios para a valorização da herança africana no Brasil permanece sem reconhecimento na sociedade. Nesse viés, a problemática não só deriva da negligência governamental, mas também da lacuna educacional.

Diante desse cenário, nota-se o descaso governamental como fator agravante desse quadro problemático. Nessa perspectiva, é relevante destacar a frase "O Estado calou nossa voz durante a escravidão e permanece silenciando nossa cultura" dita pelo cantor e compositor brasileiro Mano Brown, em uma de suas entrevistas. Diante disso, é indiscutível que o governo mantém uma postura passiva sobre a questão e isso se comprova quando nos museus históricos, o legado africano é representado e resumido aos estigmas preconceituosos do período escravocrata, que marcou durante anos a história do Brasil. Dessa forma, enquanto o âmbito governamental se manter omisso ao problema, a ausência de destaque da temática continuará ocorrendo.

Ademais, outro ponto relevante nessa temática é a falta de conhecimento. Nesse sentido, é relevante ressaltar a ideia associada ao filósofo Francis Bacon, a qual relaciona o conhecimento ao poder, isto é, afirma que o saber fornece meios para alterar o panorama vivido. Sob essa ótica, é evidente que o ensino brasileiro é outro responsável pelos estereótipos presentes na sociedade sobre a cultura africana, visto que nas escolas, há uma ausência de representatividade da herança e história afro-brasileira. Logo, é inegável a necessidade de educar o corpo social para que conjuntura seja atenuada.

Portanto, indubitavelmente, é necessário que medidas sejam tomadas para resolver o impasse. Assim, cabe ao Estado-em sua função de promotor do bem-estar social-por meio de investimentos estratégicos, promover o desenvolvimento de campanhas digitais que conscientizem a comunidade nacional sobre a importância de reconhecer e valorizar a cultura africana e inserir nas escolas uma mudança nas aulas de história, visando atribuir maior reconhecimento sobre as personalidades negras, a fim de possibilitar que a história afro-brasileira tenha destaque nas instituições de ensino. Desse modo, a temática será tirada da invisibilidade e solucionada.