Na série americana “Sense8”, o marido de uma das personagens deseja demolir um templo hindu para construir um hotel, gerando protestos da comunidade religiosa local. No Brasil, essa problemática persiste, sobretudo em relação a religiões de matriz africana e indígenas, cujos templos frequentemente enfrentam abandono, vandalismo e destruição. Diante desse cenário, é essencial analisar a negligência estatal e a intolerância religiosa como principais desafios para a preservação desses espaços sagrados.

Nesse sentido, a ineficiência do Estado na proteção do patrimônio religioso contribui para a perpetuação desse problema. Nesse viés, apesar da existência de legislações, como o artigo 216 da Constituição Federal, que reconhece a importância da preservação do patrimônio cultural, muitos templos religiosos enfrentam dificuldades para obter reconhecimento oficial e proteção jurídica. Um exemplo emblemático é o terreiro de candomblé mais antigo do Brasil, que só recebeu reconhecimento como patrimônio histórico quase 150 anos após sua fundação. Assim, a ausência de políticas públicas eficazes e de fiscalização compromete a garantia do direito ao livre exercício da fé.

Outrossim, a intolerância religiosa, especialmente contra crenças não hegemônicas, reforça a vulnerabilidade desses espaços. De acordo com dados do Disque 100, do Ministério dos Direitos Humanos, denúncias de ataques a terreiros e templos de religiões afro-brasileiras aumentaram significativamente nos últimos anos. Essa realidade também se reflete na cultura midiática, como na série brasileira “Segunda Chamada”, na qual uma personagem destrói uma imagem católica por não pertencer à mesma crença. De maneira semelhante, fora da ficção, a intolerância religiosa se configura como um grande obstáculo para a diversidade religiosa e simbólica.

Portanto, para combater os desafios da preservação de templos religiosos no Brasil, é necessária uma intervenção eficaz. Para tanto, o Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, responsável por promover políticas públicas voltada ao livre exercício das religiões, por meio de ONGs e governos locais, deve adotar medidas mais efetivas, como a fiscalização rigorosas das leis de proteção ao patrimônio religioso. Dessa forma, será possível assegurar o direito constitucional à liberdade religiosa, garantindo, assim, uma sociedade mais inclusiva e respeitosa.