A constituição federal de 1988, documento crucial para o desenvolvimento do Brasil, prevê que no artigo 5° todo cidadão tem direito igualdade perante a lei, sem distinção entre as pessoas. Porém, na conjuntura brasileira em que vivemos, esse direito é tão pouco desenvolvido de forma igualitária e justa, visto que, ainda temos desafios para a promoção da cultura de adoção. Dessa forma, percebe-se que é intensificado pela carência estatal, impulsionada pela negligência , e é suma importância analisar a escassa infraestrutura do processo e os inúmeros padrões estabelecidos.

Diante desse cenário, é notório como o descuido governamental agrava cada vez mais e problematiza o processo de adoção no Brasil. Na obra "Ensaio da Cegueira" o escritor português José Saramago, descreve uma sociedade que , gradativamente, as pessoas vão ficando cegas. No livro, o autor usa essa representação para criticar e revelar a falta de empatia dos cidadãos e preocupação em relação aos seus semelhantes. Todavia, ao compararmos a metáfora a atual realidade contemporânea, o estado se "cega" para a promoção da cultura de adoção e negligencia as próprias responsabilidades e deveres com os seus.

Além disso, o próprio processo de adoção potencializa essa questão no território nacional. No artigo 1° da Declaração Universal dos Direitos Humanos, é proposto que "Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos". Entretanto, isso não ocorre de forma geral, visto que, ainda há muito preconceito em relação as próprias crianças, que são alvo das excessivas exigências praticadas pelos candidatos a adoção. Desse modo, é de vital importância combater esse preconceito, uma vez que é uma das causas fundamentais do problema.

Assim, é necessário medidas eficazes para a solução da carência e a negligência estatal. Para isso, é imprescindível que o ECA -o qual é responsável pela criança e o adolescente- invista na visibilidade do problema por meio de campanhas e propagandas, e faça a conscientização e incentive a adoção, com a finalidade de promover os direitos dos jovens a terem um lar, de forma igualitária. Por fim, com tais ações, os desafios para a promoção da cultura de adoção serão amenizados na sociedade atual.