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Por Josx
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A música “Identidade”, do cantor e compositor Jorge Aragão, retrata o processo de reconhecimento de um eu-lírico negro diante de suas raízes culturais ao afirmar que “somos a cor da noite, filhos de todo açoite, fato real de nossa história”. Na contramão da canção, esse processo de identificação com a herança africana não é realidade em um país como o Brasil, que se intitula miscigenado mas renega em muitos aspectos suas origens, construindo desafios que vão além dos versos de samba. Isso ocorre sobretudo devido à ignorância social em desconhecer a relevância dessa multiculturalidade e à falta de acesso a referências afrobrasileiras na educação básica.

De início, é inadmissível que ainda persista o discurso de desconhecimento acerca do valor da cultura africana na formação da identidade brasileira. Na verdade, o que ocorre é uma tentativa de apagamento dessa matriz por meio de discursos universalistas e eufêmicos, colocando sempre em segundo plano a luta, a resistência e a servidão de milhares de negros em um dos regimes escravistas mais longos do mundo, como foi o caso do Brasil. Esse cenário se acentua, ainda, com a desigualdade social, já que muitos deles são marginalizados pela sociedade e segregados em regiões periféricas de modo a diminuir e a apagar o seu valor. Em “Quarto de despejo: diário de uma favelada”, a escritora Carolina Maria de Jesus retrata essa tentativa de segregação ao narrar sua realidade ao chegar, como mãe negra, ao complexo do Canindé em São Paulo. Valorizar a literatura de Carolina é, de certa forma, valorizar a potência de suas raízes e reconhecer que “somos herança da memória”, como cantam os versos de Aragão.

Além disso, a ausência de material e de abordagem pedagógica que dialogue com nossas raízes africanas é uma falha do sistema educacional do país. Apesar da existência da lei de n°. 10.639, de 2003 — que inclui a obrigatoriedade dessa temática no currículo oficial das escolas —, o que se verifica, em geral, é uma apresentação superficial da composição étnica e social do Brasil, com debates e discussões pouco efetivos sobre os conceitos de raça, cultura, igualdade e cidadania. Dessa forma, predomina na educação uma visão conservadora que enxerga a valorização da herança africana dentro das Artes, da História e da Literatura como um exagero, uma pauta problematizadora, o que afasta os alunos do conhecimento sobre a constituição da própria origem e aumenta os desafios relacionados ao seu enaltecimento.

Portanto, muitos dos obstáculos enfrentados na tentativa de valorizar a herança africana passam pela visão construída pela própria sociedade e pelo papel que a educação desempenha nesse cenário. Por isso, é dever das escolas — instituições comprometidas com a formação intelectual de crianças e jovens — reformular seus projetos político-pedagógicos com o objetivo de ratificar a importância do contexto africano para o desenvolvimento da cultura nacional. Isso deve ocorrer por meio de programas de formação continuada oferecidos aos professores e aos gestores, de maneira a garantir na prática a execução da lei 10.639/2003. Assim, será possível reverter a condição de simplicidade com que a questão das raízes africanas é tratada, mostrando ao eu-lírico dos versos de Jorge Aragão que é possível, ainda que com certo custo, resgatar e engrandecer sua própria identidade.
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    O texto apresenta excelente domínio da norma-padrão, sem erros gramaticais significativos. O tema é abordado de forma completa e pertinente, com referências culturais e históricas que enriquecem a argumentação. A organização do texto é clara e coesa, com uso adequado de conectivos. A proposta de intervenção inclui agente (escolas), ação (reformular projetos pedagógicos), meio (programas de formação) e finalidade (valorizar a herança africana), mas carece de detalhamento maior em algum desses elementos para atingir a nota máxima na Competência 5.

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  1. C1 norma-padrão

    Você atingiu aproximadamente 100% da pontuação prevista para a Competência 1, atendendo aos critérios definidos a seguir. O participante demonstra excelente domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa e de escolha de registro. Desvios gramaticais ou de convenções da escrita, neste nível, são aceitos somente como excepcionalidade e quando não caracterizam reincidência.

  2. C2 Compreensão da proposta

    Você atingiu aproximadamente 100% da pontuação prevista para a Competência 2, atendendo aos critérios definidos a seguir. O participante desenvolve o tema por meio de argumentação consistente, a partir de um repertório sociocultural produtivo e apresenta excelente domínio do texto dissertativo-argumentativo, ou seja, em seu texto, o tema é desenvolvido de modo consistente e autoral, por meio do acesso a outras áreas do conhecimento, com progressão fluente e articulada ao projeto do texto.

  3. C3 seleção de argumentos

    Você atingiu aproximadamente 100% da pontuação prevista para a Competência 3, atendendo aos critérios definidos a seguir. Em defesa de um ponto de vista, o texto apresenta informações, fatos e opiniões relacionados ao tema proposto, de forma consistente e organizada, configurando autoria, ou seja, os argumentos selecionados estão organizados e relacionados de forma consistente com o ponto de vista defendido e com o tema proposto, configurando-se independência de pensamento e autoria.

  4. C4 construção de argumentos

    Você atingiu aproximadamente 100% da pontuação prevista para a Competência 4, atendendo aos critérios definidos a seguir. O participante articula bem as ideias, os argumentos, as partes do texto e apresenta repertório diversificado de recursos coesivos, sem inadequações.

  5. C5 Proposta de Intervenção

    Você atingiu aproximadamente 80% da pontuação prevista para a Competência 5, atendendo aos critérios definidos a seguir. O participante elabora bem proposta de intervenção relacionada ao tema, decorrente da discussão desenvolvida no texto, articulada e abrangente, ainda que sem suficiente detalhamento.

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