Em sua obra literária “A Cidade do Sol”, o filósofo renascentista Tommaso Campanella retrata uma sociedade perfeita e isenta de conflitos e desigualdades. Entretanto, na sociedade hodierna brasileira, o que se observa é oposto às ideias do autor, haja vista que as dificuldades enfrentadas para a valorização da herança africana promovem a instauração de um problema que afeta uma parcela substancial da população brasileira. Dessarte, cabe analisar o racismo estrutural e o descaso por parte do estado como principais pilares para a conservação do imbróglio em nosso país, sendo necessária a intervenção.



Em primeiro plano, é irrefutável citar o racismo estrutural como um agente causador do impasse. Nessa perspectiva, a escritora Virginia Woolf afirma não haver nada mais estranho no mundo do que as relações humanas e sua extraordinária irracionalidade. Sob esse viés, a premissa sobredita pela autora ecoa na sociedade brasileira, tendo em vista que o preconceito racial está firmemente enraizado em nossa nação, corroborando, assim, diretamente para que as heranças de comunidades africanas não sejam devidamente reconhecidas e valorizadas. Desse modo, é inaceitável que essa realidade continue acontecendo no Brasil.


Outrossim, é fulcral salientar a irrelevância dada pelo estado acerca do óbice, como um fator que retarda a resolução do mesmo. Acerca disso, Lilia Schwarcz, antropóloga brasileira, disserta que, no Brasil, existe uma política difusa em eufemismos. Nesse contexto, a forma esdrúxula em que o governo ignora o problema, não promovendo nenhuma ação a fim de localizar uma solução, constata a reflexão da autora. Sendo assim, é inconcebível que esse comportamento por parte de autoridades do governo permaneça em vigor.



Portanto, medidas exequíveis são necessárias para abrandar o avanço da problemática na nação verde-amarela. Em vista disso, urge que o Tribunal de Contas da União direcione capital que, com o auxílio do Ministério de Educação, será revertido em palestras, dirigidas por pessoas afrodescendentes em escolas de nível fundamental e médio, a fim de orientar o público escolar sobre o racismo e a importância de combatê-lo, bem como difundir informações sobre costumes e tradições típicas de povos africanos. Paralelamente, é também dever do estado promover leis mais rígidas no que tange à violência e discriminação racial. Somente assim, a realidade representada no livro de Campanella ficará mais próxima de ser uma realidade no Brasil.