Na obra “Utopia”, do escritor inglês Thomas More, é retratada uma sociedade perfeita, na qual o corpo social padroniza-se pela ausência de conflitos e problemas. No entanto, o que se observa na realidade contemporânea é o oposto do que o autor prega, uma vez que a valorização da herança africana apresenta barreiras, as quais dificultam a concretização dos planos de More. Esse cenário antagônico é fruto tanto da negligência governamental, quanto do silenciamento midiático. Diante disso, torna-se fundamental a discussão desses aspectos, a fim de um melhor funcionamento da sociedade.
Percebe-se, a princípio, que o descaso estatal possui íntima relação com o revés. Nessa ótica, de acordo com o filósofo John Locke, configura-se como um rompimento do Contrato Social, já que o Estado não cumpre com sua função de garantir que todos tenham acesso aos seus direitos. Assim, devido à débil ação do Poder Público e à insuficiência de legislações, os impasses vivenciados por pessoas negras e de religiões de matrizes africanas têm crescido cada vez mais. Dessa forma, é inadmissível que esse cenário continue a perdurar.
Ademais, é imperativo ressaltar o silenciamento midiático como promotor do problema. Segundo Steve Jobs, “a tecnologia move o mundo”, isto é, o empresário manifestou uma visão positivista a cerca de inovações tecnológicas e meios de comunicação. No entanto, a mídia brasileira atua de forma oposta a ótica de Jobs, como a falta de ensino sobre a história africana, sendo ela sempre resumida a escravidão e também o preconceito com as religiões de matrizes africanas, que pela falta de informação acaba sendo alvo de muitos ataques. Consequentemente, cada dia temos mais vítimas de ataques racistas por falta de conhecimento e ignorância, e na maioria das vezes a mídia não mostra.
Por isso, é de extrema urgência que as medidas cabíveis sejam tomadas. Então, cabe ao Tribunal de Contas da União direcionar o capital necessário, por intermédio do Ministério da Educação e do Ministério da Ciência e Tecnologia que promovam palestras nas escolas sobre a problemática, e leis mais rígidas para os crimes cometidos nas redes sociais, e com o apoio de ONG’S e do Ministério Público, possamos ter mais inclusão e representatividade da valorização da herança africana. Para que assim, possamos estar cada dia mais perto da tão sonhada “Utopia” de More.