Para o filósofo Pitágoras, “devemos educar as crianças para que não precisemos punir os adultos.” Contudo, como educar as crianças se a educação é tratada de forma superficial? Em muitas escolas, o ensino religioso foca quase exclusivamente nas religiões cristãs, o que contribui para o apagamento da herança afro-brasileira e aumenta os índices de intolerância religiosa, levando ao desrespeito pelas religiões de matriz africana.

Em primeiro lugar, é necessário desconstruir o tabu que ainda existe em torno dos povos africanos e afro-brasileiros. A série Colin em Preto e Branco exemplifica bem essa questão, ao mostrar como o personagem principal é aceito em seu bairro apenas quando apresenta características “brancas”, como o estilo de roupas, automóveis e a escola que frequenta. No entanto, ao adotar seu cabelo natural, ele passa a ser malvisto por colegas e professores, sofrendo com o racismo e o preconceito. Isso demonstra a importância de resgatar e valorizar os ensinamentos africanos nos espaços de ensino. Como afirmou Nelson Mandela: “a educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo.” Ao oferecer conhecimentos reais sobre essas heranças, o respeito e o reconhecimento serão mais prováveis.

Além disso, a desvalorização do povo negro ocorre devido à falta de reconhecimento de líderes revolucionários como Luiz Gama, advogado e abolicionista que lutou contra a escravidão no Brasil, e a guerreira Dandara, que apoiava os quilombolas no Quilombo dos Palmares com seus conhecimentos tradicionais. O poema de Castro Alves, Navio Negreiro, expõe o sofrimento de cada escravo retirado de seu continente, torturado e esquecido nas Américas. Essa memória precisa ser preservada e ensinada para que a sociedade valorize as contribuições afro-brasileiras.

Em suma, a desvalorização da herança afro-brasileira se deve à negligência educacional e à falta de reconhecimento de figuras históricas fundamentais para o Brasil. As mídias e os jornais devem trazer histórias como a de Dandara, enriquecendo o repertório sociocultural da população. O governo também deve investir em programas em espaços públicos que contem e detalhem a verdadeira história do Brasil, promovendo eventos gratuitos e acessíveis para que toda a população possa participar e aprender.