Na obra "Os Simpsons", o personagem "Apu", de origem indiana, é julgado pelo seu pai por estar vivendo mais do estilo de vida dos EUA e não como o de seu país. Em parcial consonância com o dilema apresentado na animação, está o de vários afro-brasileiros, que sofrem com desafios na valorização de suas culturas originárias. A partir desse contexto, mostra-se inadiável a luta contra a apatia estatal e a negligência social.
Nota-se, nessa perspectiva, que a permanência desse impasse é produto de um Estado que não age na criação de políticas que incluem o ensino das culturas afro. Sob esse viés, como explorado pelo sociólogo Aldous Huxley, os fatos não deixam de existir por serem ignorados. Nesse sentido, no que tange a fala de Huxley, o Estado se mantém apático com a necessidade de valorização de qualquer herança africana no país, ignorando essa precisão. A exemplo disso, prevalecem atos, como: o não ensino dessas culturas nas escolas e um certo desincentivo na sociedade para encontrar suas reais raízes. Em vista disso, a ignorância estatal para com a importância do legado das crenças africanas gera o desaparecimento dessa cultura no mundo.
Ressalta-se, além disso, que a continuidade do problemática, também, é fruto de uma população que é habituada a cultura afro. Com base nessa visão, como exposto pelo sociólogo Michel Foucault, quando uma atitude negativa é normalizada, passam a vê-la como natural. Assim, conforme dito por Foucault, o corpo social "naturalizou" a desvalorização das tradições africanas, e agora apenas colocam as culturas europeias como "as melhores/ certas" e que devem ser valorizadas. Tendo isso em vista, a populaçaõ adota uma postura preconceituosa, com atos ruins, como: comentários que ferem a cultura africana e boicotes com os praticantes da tal. Por conseguinte, não há mobilização para solução e modificação dessa realidade, gerando sua "naturalização".
Evidencia-se, portanto, a urgência de se lidar com os desafios associados a valorização da herança africana no Brasil. Logo, é imperioso que o Ministério da Educação, órgão que gere políticas educacionais, mobilize todas as Secretarias do país, por meio de um Projeto Nacional de Educação e Valorização da Cultura Afro, a fim de acabar com a antipatia das autoridades governamentais e com a falta de políticas estatais. Ademais, o Estado, na figura do Ministério da Cidadania, autoridade que lida com medidas sociais, engaje todos os governos estaduais e municipais, mediante uma Ação brasileira de Ensino sobre as Raízes Culturais Africanas, com o intuito de mitigar com o pensamento social que hipervaloriza a cultura europeia e não dá o devido valor a cultura africana.