Em uma de suas músicas, o cantor Baco do Exu Blues dirigiu a seguinte letra: "sempre tive o mesmo rosto, a moda que mudou de gosto". Nessa composição ele expressou que sempre possuiu trejeitos do seu povo e que só após as pessoas tomarem conhecimento sobre a cultura, foi que começaram a ter uma visão positiva sobre a mesma. Do mesmo modo, a falta de conhecimento da população intensifica os desafios para a valorização da herança africana no Brasil. Sendo assim, questões como a ineficiência governamental e o silenciamento midiático agravam o problema no país.
Primeiramente, deve-se ressaltar a ausência de medidas governamentais para combater os desafios. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), em 2022, questões na área da cultura ainda apresentam grandes lacunas, devido ao baixo investimento. Desse modo, a falta de informação da sociedade sobre a herança afro-brasileira consequente da negligência estatal, agrava problemas como o racismo no território nacional.
Outrossim, o meio midiático também deve ser apontado como um promotor das consequências. No verso "escondem tudo com um sorriso na TV e não contam a ninguém" da canção "Tudo Pro Alto", chorão critica a manipulação da informação, sugerindo que problemas graves da sociedade – como a baixa importância dada às tradições africanas – são mascarados por uma narrativa otimista e superficial. Portanto, a baixa ação da mídia contribui para o desconhecimento referente à esse legado, aumentando embates como a intolerância religiosa no Brasil.
Diante disso, cabe ao governo federal juntamente aos Ministérios da Cultura e da Educação (responsáveis pelas políticas culturais e educacionais, respectivamente) a promoção de campanhas e eventos escolares no dia da consciência negra, por exemplo. Ademais, a mídia deve apoiar a iniciativa, usando sua influência para disseminar informações. Somente assim será possível alcançar uma sociedade que valorize a própria herança, como idealizado por Baco.