Na obra "Utopia" de Thomas More, e retratada uma sociedade sem defeitos, na qual o corpo social padroniza-se na ausência de problemas. No entanto o que se observa na realidade contemporânea é o oposto do que o autor prega, uma vez que os desafios para a valorização da herança africana no Brasil, apresenta barreiras as quais dificultam a concretização dos planos de More. Desse modo, torna-se fundamental a discussão desses aspectos a fim do pleno funcionamento da sociedade.

Primeiramente, é fulcral pontuar que os desafios derivam da baixa atuação governamental na criação de mecanismos que coíbam tais recorrências. Segundo Hanna Arendt em Banalidade do Mal, "as pessoas estão muito acostumadas com o problema que acabam banalizando ele". Desse modo, a sociedade é ensinada desde cedo a relacionar a herança africana apenas ao folclore, escravidão e racismo. Desse modo, faz-se mister a reformulação dessa postura estatal urgentemente.

Ademais, é imperativo ressaltar a influência midiática como promotor do problema. De acordo com Djamila Ribeiro, "o primeiro passo para combater um problema é tira-lo da invisibilidade." No entanto, a mídia brasileira acaba ressaltando os estereótipos ligados aos povos africanos com reportagens e novelas que colocam os costumes e tradições como algo inferior. Tudo isso retarda a resolução do empecilho, já que a desvalorização cultural e a falta de representatividade contribui para a perpetuação desse quadro deletério.

Assim, medidas exequíveis são necessárias para conter o avanço da problemática. Dessarte, com o intuito de mitigar o problema, necessita-se que o Tribunal de Contas da União, direcione capital que por intermédio do Ministério da Educação, será revertido em novas grades curriculares, através de debates e aulas voltadas à valorização da cultura africana. Desse modo, atenuar-se em médio e longo prazo o impacto nocivo do problema e a coletividade se aproximará da "Utopia" proposta por Thomas More.