Idealizado pelo filósofo Raimundo Teixeira, em 1889, com base nos princípios do positivismo, o lema "Ordem e Progresso" escrito na bandeira do Brasil, expõe um dos objetivos da nação: o avanço da sociedade mediante a defesa da ordem. Não obstante, a efetivação dessa meta mostra-se distante, uma vez que os desafios para a valorização da herança africana no Brasil configuram-se como um impasse a ser superado pela população. Desse modo, é crucial analisar não só o silenciamento social, como também a negligência governamental, a fim de pleno funcionamento da República.

Primeiramente, é fulcral destacar o silenciamento social como fator contribuinte para a persistência do óbice. Segundo Djamila Ribeiro, “É preciso tirar um problema da invisibilidade para que soluções sejam propostas”. Analogamente ao pensamento da escritora, é possível traçar um paralelo com a contemporaneidade, uma vez que os indivíduos se apresentam de forma omissa no que se refere à valorização da herança africana no Brasil. Também é imperioso mencionar que essa realidade está implicitamente enraizada em nosso país, tendo em vista que o preconceito em relação às culturas africanas vem crescendo gradualmente, consequência diretamente ligada ao silenciamento da população. Assim, é importante reverter esse cenário nefasto.

Ademais, é essencial apontar a negligência governamental como uma problemática agravante para a existência do imbróglio. De acordo com Zygmmunt Bauman, uma instituição que ignora a sua função original, é considerada em estado “zumbi”. Nesse panorama, é possível observar que o governo se apresenta de modo a ignorar a sua função, negligenciando a cultura africana de maneira alarmante – trazendo a invisibilidade cada vez mais –, uma vez que é notório como a nação verde-amarela carece de políticas públicas relacionadas a valorização dos costumes africanos no Brasil. Dessa forma, torna-se dever do governo tirar tal questão da invisibilidade para que assim alcance sua plena valorização.

Portanto, é imprescindível a atuação do Ministério da Cultura, juntamente com o Ministério Legislativo – órgãos responsáveis pelo bem-estar da população – por meio da criação de novos projetos de leis, tornando obrigatório o ensino sobre as culturas africanas nas escolas do país, com o fito de mitigar esse triste quadro. Também é conveniente que as mídias sociais se mostrem presentes através de campanhas de conscientização sobre o assunto, com a finalidade de tirar as tradições africanas da omissão. Efetivamente, o lema proposto por Raimundo Teixeira será finalmente concretizado no país tupiniquim.