Concebido pelo pensador Raimundo Teixeira em 1889, inspirado nos preceitos do positivismo, o lema "Ordem e Progresso", presente na bandeira brasileira, representa um dos ideais fundamentais da nação: promover o avanço da sociedade através da manutenção da ordem. No entanto, a realização desse propósito tem se mostrado uma meta distante, especialmente diante do desafio da valorização da herança africana no Brasil. Sob esta perspectiva, é imperativo examinar não apenas a invisibilização das contribuições africanas na formação cultural do país, mas também a perpetuação de estereótipos que desvalorizam essa herança.
Inicialmente, é crucial destacar a importância de um Estado ativo na resolução de questões sociais. Segundo o filósofo polonês Zygmunt Bauman, uma instituição que se desvia de sua função original é equiparada a um "zumbi". Nessa ótica, o Estado brasileiro se assemelha a esse conceito ao negligenciar seu papel na promoção de políticas que valorizem a cultura africana. Essa atitude omissa contribui para a marginalização de elementos culturais africanos e a perpetuação do racismo estrutural. Assim, a postura governamental atual intensifica os problemas no tecido social.
Além disso, a mídia desempenha um papel significativo no contexto da valorização da herança africana. Seguindo a análise do sociólogo Pierre Bourdieu, as instituições encarregadas de promover a democracia não devem se tornar veículos de violência simbólica. Nessa visão, a mídia, que deveria disseminar conhecimento, ao invés de orientar a população sobre a importância da cultura africana e sua influência, acaba alienando a sociedade com conteúdos superficiais que reproduzem estereótipos raciais. Esses conteúdos simplificados facilitam a perpetuação de preconceitos e contribuem para o apagamento da herança africana. Portanto, o setor midiático exerce uma influência direta na perpetuação desse problema.
Portanto, torna-se evidente a necessidade de adotar medidas para enfrentar essa questão. Nesse sentido, o Governo Federal, responsável por preservar a harmonia social, deve direcionar recursos para estabelecer um Projeto Nacional de Valorização da Cultura Africana. Esse projeto visa proporcionar acesso à educação cultural e ao mercado de trabalho, oferecendo suporte aos jovens para que conheçam e valorizem suas raízes culturais. Além disso, é papel da mídia, como principal meio de comunicação, produzir conteúdos que abordem o tema da herança africana, com o intuito de conscientizar a sociedade. Dessa forma, será possível avançar em direção ao ideal expresso na bandeira nacional.