O festival de música Afro-Punk, que acontece em Salvador, Bahia, tem como objetivo promover a diversidade cultural deixada pela diáspora africana no Brasil, no festival somos apresentados a artistas pretos com suas musicalidade que tem origem africana e suas roupas que fazem uma releitura de vestimenta usadas por povos africanos. É notório, que esse festival é uma das formas de valorização da herança africana no Brasil, porém, não é difundido para todo o Brasil. Diante disso, é essencial analisar os principais propulsores dessa situação: a inoperância estatal e o silenciamento midiático.

Nesse cenário, é possível citar a ausência de ação do governo como um fator do problema que perpetua essa problemática. Segundo John Locke, em seu "Contrato Social ", é dever do estado assegurar os direitos e o bem-estar coletivo. De fato, o poder público tem papel crucial para a valorização da herança africana no Brasil, mesmo tendo políticas públicas de incentivo, não é efetivada e garantida para todos, visto que a máquina pública deve incentivar a herança africana no país, pois não reconhece seu passado escravocrata e pouco se faz para amenizar os resquícios dessa época hostil, contribuindo assim, para perpetuar a desvalorização do tema sobredito. Assim, urge que a administração pública reconheça seu papel e mude sua postura.

Além disso, outro fator agravante é a omissão midiática que influencia a percepção social sobre tais questões e gera carência de discussões acerca do exposto. Sob a ótica do escritor Aldous Huxley, os fatos não se tornam inexistentes quando ignorados. Na realidade brasileira, a crítica do autor é verificada nos desafios para a valorização da herança africana no Brasil, em que a mídia tem um impacto enorme na sociedade, porém, em certas ocasiões a cobertura da mídia é parcial e omissa, apenas valorizando o que retorna financeiramente, colaborando para silenciar a tese supracitada. Dessa forma, se faz necessário uma maior propagação das heranças culturais trazidas da África, para assim, sair do silenciamento.

Portanto, é imprescindível intervir sobre esse quadro lacunar. Para isso, o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, junto ao Governo Federal, órgão de maior importância no âmbito nacional, deve criar um projeto específico e eficaz para reverter tal situação, por meio de campanhas e políticas públicas, onde será feito o incentivo à valorização do tema. Tal ação, ainda, pode contar com palestras nas escolas. Paralelamente, é preciso agir sobre o silenciamento, por meio de campanhas na TV aberta e em redes sociais. Dessa maneira, será possível que todos os cidadãos possam valorizar a herança africana e que festivais como o Afro-Punk, possam ser comuns.