"É evidente que os brancos não promovem reuniões secretas às cinco da manhã para definir como vão manter seus privilégios e excluir os negros, mas é como se assim fosse". O trecho retirado do livro "O Pacto da branquitude", escrito por Cida Bento, aborda como os brancos tem um acordo social, o qual visa invisibilizar e marginalizar os negros. Analogamente, esse cenário assemelha-se ao contexto brasileiro atual, tendo em vista que o não reconhecimento da cultura afro-brasileira ainda é um problema persistente no Brasil. Dessa forma, a negligência governamental e a lacuna educacional são fatores que contribuem para a desvalorização da herança africana no Brasil.

Diante desse cenário, é nítido como a Ineficiência legislativa colabora para o não reconhecimento da cultura negra no Brasil. Nesse sentido, Martha Nussbaum, filósofa e política estadunidense, defende que a função primordial do Estado é garantir a observância das leis e a defesa dos direitos humanos. Sob essa lógica, a ideia sobredita não se aplica ao âmbito nacional, visto que o Governo, mesmo com seu poder, não adota ações, as quais sejam capazes de reconhecer a herança africana no Brasil. Tal fato se comprova na falta de políticas públicas de valorização da população negra, e no preconceito enfrentado por ele. Dessa forma, devido à estigmatização desse impasse, a desvalorização da cultura africana permanece intrínseca à nação.

Ademais, o déficit educacional é outro fator o qual colabora para o não reconhecimento da cultura africana. Nesse contexto, Paulo Freire, em sua obra "Pedagogia do Oprimido", defende que a educação é capaz de libertar o homem da opressão social, pois é por meio dela que o indivíduo conhece sua história e seus direitos. Sob essa ótica, a ideia mencionada anteriormente não se aplica em território nacional, uma vez que as escolas não buscam mecanismos capazes de trazer reconhecimento para a população negra. Isso pode ser visto na não implementação de matérias sobre a história da população africana nos currículos escolares, e na exclusão de personalidades negras nos livros didático e no corpo docente. Nessa perspectiva, Barbara Karine, em seu livro "Querido estudante negro", aborda os desafios enfrentados por ela na sua época de escola, devido à falta de conhecimento sobre sua história. Assim, como consequência dessa má conduta, a população negra permanece esquecida na sociedade brasileira.

É inaceitável, portanto, que a problemática supracitada permaneça na sociedade. A fim de resolver o problema, o Governo, juntamente com o Ministério da Educação, órgão federal responsável pelas medidas governamentais educacionais, deve criar mais políticas públicas de valorização à cultura afro-brasileira, já que as existentes são precárias. Isso irá acontecer por meio da implementação de matérias sobre a história negra brasileira e da contratação de pessoas negras para os âmbitos educacionais, as quais visem trazer verdadeiro reconhecimento para a população africana. Tais iniciativas têm por finalidade combater a desvalorização da cultura africana no Brasil. Dessa forma, a realidade explicitada no livro "O Pacto da branquitude", tão somente se configurará na ficção.