A modernista Tarsila do Amaral denunciou em sua tela segunda classe o sofrimento de uma população que frequentemente é relegada a uma posição de marginalização social. Ao transpor a tela para a realidade brasileira percebe-se o quanto essa crítica se torna pertinente uma vez que, os desafios para valorizar a herança dos povos africanos no país os relegam a uma posição marginalizada. A partir desse contexto, é importante analisar como a negligência governamental e a mídia atuam na questão.

Diante desse cenário, destaca-se a princípio como a omissão do governo contribui para a problemática. Isso acontece porque, o poder público não se posiciona de maneira ativa no âmbito educacional, capacitando os docentes para garantir o reconhecimento da herança africana no país. Afinal de acordo com o filósofo contratualista Thomas Hobbes, é dever do Estado garantir o bem-estar ou seja, o governo é responsável por resolver questões latentes no país. Dessa forma, faz-se necessária uma postura ativa do governo para garantir o reconhecimento da herança africana no âmbito nacional.

Além disso, é válido analisar como a atuação midiática é importante para a garantia da valorização do legado africano na sociedade brasileira. Isso porque, conforme os estudiosos Macombs e Shaw, os conteúdos transmitidos no meio de comunicação pautam a discussão pública e os tópicos mais debatidos. Logo omitir informações sobre o legado africano no país, é esquivar-se da responsabilidade de dar o devido conhecimento perante a população. Dessa forma enquanto as grandes mídias negligenciarem a cultura, a história e os conhecimentos africanos a população também não dará essa prioridade, devido principalmente ao foco midiático em questões de maior apelo comercial e sensacionalista.

Portanto, nota-se que os problemas referentes a valorização do legado africano no país precisam ser resolvidos. Para isso, é crucial que o poder executivo - na esfera federal- crie uma proposta de ampliação da lei orçamentária anual destinada a instituições de ensino e midiáticas, para que assim os professores e os programas televisivos coloquem em pauta a herança africana do Brasil. Tal Ação deve ocorrer por meio de uma votação feita por deputados e senadores a fim de garantir o reconhecimento do legado africano na sociedade.