O romance “Ensaio sobre a cegueira” retrata a invisibilidade de certos assuntos na sociedade. Para além da obra, a crítica de Saramago é verificada quanto aos desafios para a valorização da herança africana no Brasil. Nesse contexto, a entrave decorre devido não só do escasso debate sobre a temática, como também da lacuna educacional.
Nesse sentido, vale ressaltar que a ausência de discussões eficazes é um fator preponderante para a ocorrência desse problema social. Sob essa lógica, Habermas, insigne sociólogo alemão, em sua “Teoria da Ação Comunicativa”, afirma que o diálogo tem grande poder de transformação. Todavia, esse pensamento destoa da realidade brasileira, já que a falta de debates a respeito da valorização da cultura africana faz com que não exista uma mudança no comportamento social. Logo, se um legado de tradição for esquecido, e não passado de geração e geração, a identidade dos povos afro-brasileiros não será mais considerada a mesma.
Ademais, é válido destacar que a lacuna educacional também atua como um forte empecilho para a perpetuação da não valorização da herança afro-brasileira. Sob esse viés, de acordo com o professor Paulo Freire, “A educação é a base da sociedade”, no qual afirma que se um indivíduo possuir conhecimento suficiente, poderá mudar, transformar, e se destacar no âmbito social. Contudo, observa-se que pelo ensino frágil e professores incapacitados, a afirmação de Paulo Freire não se concretiza, tornando assim alunos alheios ao ensinamento da cultura africana e a história do passado.
Destarte, é imperativo que ações decisivas sejam feitas para mitigar os efeitos do silenciamento civil e da lacuna educacional. Portando, o Ministério da educação, em cooperação com as mídias, devem criar um projeto que vise espalhar conhecimento a respeito das heranças africanas do Brasil, deve ocorrer por meio de canais televisivos abertos e reportagens. Também, deve-se capacitar os núcleos gestores para que ensinem aos alunos, desde a infância, sobre a ancestralidade. Desse modo, os desafios na valorização da cultura afro-brasileira nãos se tornará um problema persistente, e a cegueira social deixará de ser um reflexo literário.