Em "Brasil, o país do futuro", o autor Stefan Zweig prevê um possível desenvolvimento socioeconômico exponencial no país. Tal idealização revela o potencial da nação, mas também expõe todos os obstáculos para sua conquista - como as desigualdades perpetuadas pela desvalorização da herança africana no Brasil. Dessa maneira, é essencial analisar a negligência estatal e a omissão social na manutenção do problema.

Primordialmente, o Estado tem responsabilidade ao não agir em defesa dos direitos da população afrodescendente. Além disso, Hannah Arendt em "Banalidade do Mal" expressa como a sociedade tende a naturalizar problemas sociais que não são discutidos, em apoio inconsciente a um governo falho. Dessa maneira, a valorização da herança africana se torna um tema cada vez mais invisibilizado.

Dessa forma, o longametragem "Cidade de Deus" tem sucesso em exemplificar exatamente como os grupos excluídos por tal processo de apagamento são afetados. Ao acompanhar Dadinho, menino negro e periférico, em sua jornada para se tornar Zé Pequeno, um criminoso nacionalmente temido, nota-se como a omissão social torna o convívio destas pessoas prejudicado. Assim, as ramificações da desvalorização da herança afro-descendente tomam a forma de problemas maiores, como a marginalização de grupos sociais inteiros, tornando o problema mais difícil de ser debatido e alvo do desinteresse do cidadão comum e desinformado.

Portanto, é necessário que o Governo Federal - instituição com posse dos recursos necessários para a transformação social - se responsabilize pela resolução do revés. Torna-se necessária a implementação, por intermédio do Ministério da Cultura, de campanhas educacionais e televisivas de caráter conscientizador que destaquem a importância do continente africano na consolidação da identidade nacional. Assim, o desenvolvimento socioeconômico previsto por Stefan Zweig estará mais próximo da realidade, e não mais será visto como uma ficção sonhadora, uma vez que a integração do povo negro é muito importante para o país.