"Ensaio sobre a cegueira" retrata a invisibilização de certos problemas da sociedade. Na realidade brasileira, a crítica de José Saramago é verificada nos desafios enfrentados para a valorização da herança africana no Brasil que é um empecilho vivenciado por os indivíduos, na qual ainda sofrem pela desvalorização da sua cultura, em relação às falsas informações que são divulgadas. Com isso, emerge um problema sério, em virtude da negligência governamental e da desigualdade social.

Precipuamente, é fulcral pontuar que a não valorização deriva da baixa atuação dos setores governamentais, no que concerne à criação de mecanismos que coíbam tais recorrências. Segundo o pensador Thomas Hobbes, o estado é responsável por garantir o bem-estar da população, entretanto, isso não ocorre no Brasil. Devido à falta de atuação das autoridades públicas, a negligência governamental contribui negativamente para o ampliamento do desafio, tendo em vista que o governo não oferece recursos necessários para que a sociedade compreenda o assunto com clareza. Desse modo, faz-se mister a reformulação dessa postura estatal de forma urgente.

Ademais, é imperativo ressaltar a desigualdade social como promotor do problema. De acordo com Djamila Ribeiro, o primeiro passo a ser dado para solucionar uma questão é tirá-la da invisibilidade. Partindo desse pressuposto, a invisibilização sofrida pelos indivíduos faz com que as suas crenças e costumes sejam vistas com preconceito pelas pessoas que os cercam, devido ao fato de que fatos históricos, como a escravidão, bem como a cor da pele contribuam para esse empasse. Dessa forma, a falta de igualdade entre os cidadãos contribui para esse quadro deletério.

É evidente, portanto, que ações concretas devem ser aplicadas para enfrentar esse desafio. Com isso, o Governo Federal, encarregado de promover o bem-estar social e organizar o Estado, deve, juntamente com a sociedade dar mais importância à herança africana mediante à organização de palestras nas escolas e comunidades, bem como à criação de leis que penalizem as pessoas que destratam tais culturas, tendo como objetivo a diminuição da escassez vivenciada. Assim, será possível superar a cegueira social de que Saramago falou.