Em um dos episódios da série “Anne with an E”, é retratada a vida de Bash, um jovem afrodescendente que, em virtude de sua etnia e cultura, constantemente é alvo de discriminação. De forma análoga à ficção, é possível observar essa trágica realidade no contexto hodierno brasileiro, visto os desafios para a valorização da herança africana. Dessa forma, deve-se combater a má influência midiática e a apatia social.
Diante desse cenário, os meios de comunicação são responsáveis pela invisibilidade da cultura de origem africana. Segundo o filósofo Pierre Bourdieu, o que foi criado como instrumento de democracia não deve ser convertido em mecanismo de opressão. Nesse sentido, devido ao desprezo dado pelos veículos midiáticos no que se refere aos costumes africanos — o que pode ser visto na ausência de abordagem sobre esse tema em novelas, programas e notícias — os cidadãos brasileiros, condicionados a refletir a postura da mídia, passam a ignorar esse tópico, o que colabora com a desvalorização que impera. Logo, é crucial apontar o papel negligente da mídia para reverter esse imbróglio.
Outrossim, é necessário pontuar a apatia da sociedade como outro fator que dificulta a resolução do problema em análise. De acordo com a filósofa alemã Hannah Arendt, em sua teoria sobre a banalidade do mal, quando os indivíduos são frequentemente expostos a determinadas situações extremas, eles tendem a tratá-las como comuns, perdendo o senso de urgência. Sob esse prisma, é possível conectar o pensamento da estudiosa com o cenário de desvalorização das tradições africanas, tendo em vista que, por ser uma problemática profundamente enraizada no corpo social, é tratada como normalidade, não havendo uma mobilização popular em prol da mudança dessa realidade. Assim, visualiza-se como a indiferença coletiva perante a situação mencionada representa um desafio para a valorização da herança africana no Brasil.
Portanto, urge que medidas estratégicas sejam tomadas para reverter esse impasse. Como solução, o Ministério da Cidadania — órgão do Poder Executivo Federal responsável por demandas sociais — em parceria com a grande mídia, deve realizar campanhas para promover a visibilidade das manifestações culturais africanas. Além disso, tais campanhas devem ser veiculadas nas redes sociais do Ministério e de grandes veículos midiáticos, com o intuito de promover a valorização da herança africana. Destarte, os desafios para a valorização das tradições de origem africana poderão ser combatidos e o cenário ocorrido em “Anne with an E” será revertido em território nacional.