O filósofo brasileiro Raimundo Teixeira Mendes, em 1889, adaptou o lema positivista "Ordem e Progresso" não só para a bandeira nacional, mas também para a sociedade brasileira que, no contexto atual, enfrenta empecilhos que dificultam sua total prosperidade. Acerca disso, os desafios para a valorização na herança africana representa uma contradição máxima ao símbolo pátrio, visto que tal postura resulta na desordem e no retrocesso do desenvolvimento social. Este cenário se deve a insuficiência governamental e ao silenciamento populacional. Logo, torna-se fundamental a discussão desses aspectos para o pleno funcionamento do país.

Sob essa perspectiva, é crucial pontuar que o problema deriva da inação dos setores governamentais, no que concerne à criação de mecanismos que coíbam tais recorrências. Conforme o filósofo inglês Thomas Hobbes, o Estado é responsável por garantir o bem-estar da população, o que inclui o setor cultural. Entretanto, isso não ocorre na prática, uma vez que se vê a ausência de estímulos culturais referentes à matriz africana em diversos cenários. Ademais, o cenário escolar se destaca pela falta de materiais, projetos ou temáticas que remetem ao passado afrobrasileiro. Diante disso, faz-se urgente a reformulação dessa postura estatal.

Outrossim, vale ressaltar a ausência de debates, causada pelo silenciamento populacional como impulsionadora do impasse. Consoante ao sociólogo francês Pierre Bordieu, "aquilo que foi criado para ser instrumento de cidadania, não deve ser convertido em mecanismo de opressão", esclarecendo que a mídia, em vez de promover o conhecimento acerca da problemática, influencia na falta de debates por parte da população. Sob esta ótica, enquanto forem baixas as estratégias para combater a desinformação e assistência precária, não serão divulgadas e reconhecidos os traços artísticos-culturais presentes na rotina brasileira. Consequentemente, o povo não terá embasamento para discussões, resultando em um déficit no papel de cidadania.

Portanto, para o problema ser resolvido, é preciso que o governo brasileiro, ciente das ocorrências, por meio do Ministério da Comunicação, crie e divulgue campanhas socioeducativas em diversos meios — físicos e virtuais —, de modo a instruir a população acerca da problemática. Com isso, espera-se promover o conhecimento em grupos sociais, escolas ou comunidades para que o papel da cidadania seja efetuado e a sociedade cobre de seus agentes públicos a valorização da cultura de matriz africana. Posto isso, o assunto será tratado com urgência e a coletividade alcançará o lema de Mendes.