Na obra literária "Utopia", do escritor inglês Thomas More, é retratada uma sociedade perfeita, na qual o corpo social padroniza-se pela ausência de problemas e conflitos. No entanto, percebe-se que fora da ficção essa ideologia não é seguida, uma vez que os desafios voltados à valorização da herança africana no Brasil, apresentam barreiras históricas oriundas pela negligência governamental e o preconceito étnico-racial, que dificultam significativamente a implementação dos planos de More na sociedade brasileira.
Primordialmente, é importante destacar a ausência de ações governamentais como promotora do problema. De acordo com a perspectiva do físico Albert Einstein: "Esperto é quem resolve o problema, e mais ainda quem o previne". Entretanto, é fato que no território nacional a lógica de Einstein não é aplicada, pois existe um descaso com a população por parte do governo, que por mais que seja responsável por promover suporte às comunidades desvalorizadas, como estabelece a Constituição Federal de 1988, não cumpre com seu devido papel. Desse modo, é inadmissível que essa atitude prevaleça, visto que como consequência, impede que a cultura seja devidamente reconhecida por grande parte da população.
Da mesma forma, vale ressaltar o preconceito enraizado na nação, que ainda está presente na realidade contemporânea. Segundo o Ministério da Educação, no ano de 2022 foram realizadas palestras educacionais em algumas escolas do Distrito Federal, que estimularam a empatia acerca dos fatores voltados à herança africana, promovendo conhecimento para as crianças e adolescentes, despertando também o interesse pelo assunto. Esse momento aproximou os alunos da visão utópica de Thomas More.
Portanto, cabe ao governo, órgão responsável por promover ações em prol do bem-estar da população, investir em realizar campanhas educativas em instituições de ensino e ambientes públicos, assim como divulgação pela mídia. Isso pode ser feito através de pesquisas realizadas com pessoas de origem africana, e pela disseminação de suas heranças em diferentes canais de comunicação, como as redes sociais, televisão, rádio e revistas.