Desde o início da era colonial no Brasil, a cultura dos povos africanos foi injustamente apagada pelos colonizadores, que induziram esses indivíduos a mudarem seus costumes, tradições, práticas religiosas e suas línguas maternas, desrespeitando sua característica alteridade de suas identidades. Tal forma de violência contribuiu para perpetuar o preconceito e a desvalorização presentes nas lutas dessas pessoas por reconhecimento até os dias atuais.
A hegemonia racial e cultural na sociedade brasileira fomenta o empecilho que circunda o reconhecimento da cultura africana, que diversas vezes é desvalorizada pela própria parcela da população que possui essa descendência. O conceito de "alienação racial", desenvolvido pelo sociólogo Frantz Fanon, evidencia claramente tal situação, na qual um indivíduo adquire e expressa concepções negativas sobre sua própria raça em decorrência do ambiente racista no qual está inserido.
A auto-aceitação da pessoa negra a respeito da sua identidade e tradições é um passo primordial para a luta pelo reconhecimento cultural que enfrentam diariamente no espaço brasileiro. Tal ideia pode ser observada no curta-metragem brasileiro "Kbela", que representa mulheres pretas em situações difíceis de auto-aceitação como consequência do impacto do racismo estrutural sobre seus corpos. Percebe-se, então, que a consciência dessas pessoas sobre a beleza e a vastidão da própria cultura é imprescindível para que as demais as respeitem e contribuam para a sua valorização.
Visando combater o esquecimento e a desvalorização da cultura africana no país, é dever do Ministério da Cultura a criação de projetos sociais que impulsionem o reconhecimento desta e, justamente com o Ministério da Educação, desenvolver práticas educacionais que possuam como objetivo apresentar aos estudantes a variedade e a magnitude das tradições e raízes africanas e como merecem ser valorizadas pela população brasileira.