O quadro "O grito", do pintor norueguês Edvard Munch, retrata a inquietude, medo e desesperança refletidos no semblante de um personagem envolto por uma atmosfera de profunda desolação. Para além da obra, observa-se que, dezenas de indivíduos são afetados pelos desafios para a valorização da herança africana no Brasil. Nesse viés, torna-se crucial analisar as causas desse revés, dentre as quais podemos destacar a negligência governamental e o silenciamento midiático.
A princípio, é imperioso notar que a indiligência do Estado potencializa esse desafio. Esse contexto de inoperância das esferas do poder exemplifica a teoria das "instituições zumbis", do sociólogo Bauman, que as descreve como presentes na sociedade, todavia, sem cumprirem sua função social com eficácia. Sob essa ótica, percebe-se que a questão da valorização da herança africana é frequentemente colocada em último plano, postura que fomenta a cultura da invisibilidade acerca do assunto. Assim, a persistência dessa postura negligente atrapalha a resolução do impasse e compromete infelizmente o bem-estar dos cidadãos.
Ademais, convém salientar que segundo o filósofo Pierre Bourdieu, "o que foi criado para ser instrumento de democracia não deve ser convertido em mecanismo de opressão". Nesse contexto, descortina-se que a mídia, em vez de promover conhecimento sobre a desvalorização para à população, influencia na falta de debates, já que nas comunicações sociais não há referências para essa comunidade. Consequentemente, a sociedade não terá participação ativa e embasamento nas discussões, gerando, déficit no exercício da cidadania. Logo, é inadmissível que esse cenário continue a perdurar.
Portanto, fica evidente que para esse empecilho ser resolvido, o Governo Brasileiro, por meio do Ministério das Comunicações, deverá criar campanhas educativas tanto no espaço físico como no virtual, elaborando propagandas em panfletos, rádios, televisões, redes sociais e em transportes. Desse modo, essas medidas tem o intuito de combater o descaso e o silenciamento, e minimizar consequentemente os desafios para a valorização da herança africana no Brasil. Espera-se assim, que os sofrimentos emocionais retratados por Munch delimitem-se apenas ao plano artístico.