A escritora Chinamanda Adiche afirma que a mudança do "status quo" - estado das coisas - é sempre penosa. Nesse sentido, percebe-se na realidade brasileira, que a desvalorização da herança africana se tornou um desafio estrutural persistente cujas causas estão enraizadas no descaso governamental e na inércia social. Assim faz-se necessária a dissolução do quadro.

Em uma primeira análise, fica clara a ineficiência do poder público em relação à relativização do patrimônio negro em âmbito nacional. Segundo o filósofo Thomas Hobbes, em sua obra "O Leviatã", é dever do Estado atuar em prol do corpo social. Entretanto, tal aparato institucional é ineficiente, uma vez que o Estado falha na implementação de políticas públicas que consolide a herança afro-brasileira além da visão escravocrata, uma vez que tal período perpetuou-se por três séculos, o que ocasionou o apagamento da diversidade cultural oriunda dos povos originários do continente africano. Assim, é mister que o problema seja resolvido.

Ademais, a apatia da sociedade acerca do paradigma contribui para que ele permaneça. Segundo o conceito de "banalidade do mal" da filósofa alemã Hannah Arendt, devido a um processo de massificação ao qual foram submetidos, os indivíduos foram moldados a naturalizar as mazelas circundantes. Sob esse viés, é possível relacionar a visão da estudiosa com o contexto da desvalorização da herança afro-brasileira, uma vez que, por estar profundamente consolidada na sociedade, a visão etnocêntrica foi naturalizada, não havendo uma mobilização popular em favor da transformação dessa realidade. Dessa forma, nota-se como é urgente a resolução do panorama.

Por fim, o governo federal - instância máxima de administração executiva - deve atuar a favor da população por meio de uma legislação mais robusta que resgate e consolide a identidade afro-brasileira a fim de promover o legado histórico. Cabe, ainda, ao Ministério da Educação juntamente aos núcleos escolares a conscientização - como medida preventiva - dos alunos acerca dos desafios e a importância da valorização da cultura negra a fim de impedir a banalização da visão eurocêntrica. Dessa forma, o Estado irá cumprir seu papel para com a sociedade, bem como promover justiça social, conforme defendia o filósofo Thomas Hobbes.