Na obra "A República" o filósofo grego Platão idealiza uma cidade livre de desordens e problemas onde o povo trabalha em conjunto para superar todos os obstáculos. Fora da ilustre produção literária com ênfase na sociedade brasileira hodierna, percebe-se o oposto das ideias de Platão, visto que os desafios para a valorização da herança africana ainda impede o alcance desse ideal. Assim, é indubitável que esse cenário antagônico, é fruto tanto do racismo estrutural, quanto da ausência de debates sobre essas adversidades.
Primeiramente vale destacar os efeitos que o racismo estrutural causa na nação, já que esse comportamento que infelizmente foi inserido na sociedade brasileira desde o período escravocrata, estimula principalmente os jovens pretos e de classe mais pobre, a associar seus traços, cultura e religião à marginalidade, criminalidade ou pobreza. De acordo com o Artigo 1⁰ da Declaração Universal dos Direitos Humanos, todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos, contudo esse preceito não é concretizado no corpo social uma vez que a inércia midiática e a lacuna educacional também são fomentadores desse desequilíbrio, e sobretudo, do distanciamento de um local mais igualitário perante etnias.
Ademais, a ausência de debates também é um fator que potencializa essa desarmonia supracitada, pois, é inegável que pouco se discute sobre a valorização da cultura afro e seus elementos como histórias, personalidade que foram importantes diante de suas lutas e costumes, nas escolas, na política e até mesmo no convívio familiar. Segundo Johan Goethe "não há nada no mundo mais assustador do que a ignorância em ação". Nesse sentido, é de extrema importância que a sociedade busque discutir e debater a respeito dessa negligência social, dado que sem diálogo sério massivo, sua resolução é quase utópica. Dessa forma fica claro que a ignorância humana em não expor seus empecilhos, compromete a solução da problemática.
Portanto, cabe ao Ministério da Cultura, e ao Ministério da Educação, mediante verbas governamentais, desenvolverem projetos de conscientização, reintegração e de combate ao preconceito, além de trazerem mais representatividade nos cargos políticos, teatro e mídia. Cumprindo assim, o que é previsto no Artigo 5⁰ da Constituição Federal de 1988, que garante liberdade e igualdade aos cidadãos independente da sua cor, raça ou etnia. Com isso o Brasil poderá alcançar as convicções platônicas e o bem-estar social, político e moral.